Lacem, na Península de Cacela.

Carro arrumado longe, na estrada de terra batida. Para aqui chegar, sai-se da 125 azul no local indicado Lacem, antes de Cacela Velha, para quem vem de Tavira. E antes do deslumbramento deste sistema lagunar de grandes dimensões – estende-se desde o Ancão até à Manta Rota – e inclui uma grande variedade de habitats, ilhas-barreira, bancos de areia e de vasa, dunas, lagoas de água salobra, cursos de água. enfim, os olhos dão logo com estas imagens de portuguesismo.
No canto superior direito da foto, captei um pequeno curso de água, sem cheiros este ano, onde ouvi coaxar. Tem vida, não é esgoto. No entanto, papeis, garrafas diversas, lixo enfim, estava lançado ao chão e o saco do ecoponto vazio. E não estava roto. Culpa do governo e de Sócrates, ou dos autarcas com manias de lompesa, dirão alguns. Eu digo que somos uns badalhocos-terceiro-mundistas.
O que em anos anteriores me pareceu ser uma área para repousar o olhar, este ano estava porco. Apesar dos dispositivos »ponto verde» espalhados aqui e pelas dunas, os utentes fazem destes locais a continuação dos seus quintais. Não deu para saltar e ir até mais além porque a areia cor-de-açúcar-amarelo era escassa no local e a que havia estava longe. Maré vasa. Fiquei no alto a observar ao longe. Tirei os olhos do chão.

E o que olhei, deu para sonhar.
Contei 28 apanhadores de ameijoa, espalhados pelos bancos de areia na maré vasa.

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