Céu muito nublado. Por onde anda a luz do Sol?

A fraude, a Lei, os protagonistas.
Contrabando de cigarros, falsificação de moedas de euro, pedidos injustificados de benefício de um direito preferencial aplicável à importação de açúcar e alho, evasão do pagamento de direitos anti-dumping aquando da importação de lâmpadas económicas, subvenções a laranjas produzidas em explorações agrícolas que não existem – eis alguns exemplos de fraudes que prejudicam os contribuintes europeus. O Organismo Europeu de Luta Anti-fraude (OLAF) possui quase 400 funcionários cuja missão é proteger os interesses financeiros da União Europeia e dos seus contribuintes. Quanto auferirão ao fim do mês?
Não somos todos idênticos? Até parece que a Europa é Portugal, e a América e a África e a China. "Operação Furacão" apanha Joe Berardo e Horácio Roque ... nova notícia. Da fama já não se livram. A Operação Furacão foi lançada pelas autoridades judiciais em 2005, com investigações dirigidas a quatro bancos portugueses - Banco Espírito Santo, Banco Comercial Português, Banco Português de Negócios e Finibanco. Ao longo de dois anos, foram sendo conhecidas novas diligências envolvendo empresas diversas como as construtoras Mota-Engil e Soares da Costa, a Porto Editora e a Texto Editora. O processo é um dos maiores até hoje em Portugal e envolve no rol de suspeitos empresários e advogados. Ora, estas empresas são o Patronato. Sem Patrão, não há empregado. Mas ... será mesmo assim? A que custo? ...



''Uma das lições mais tristes da história é a seguinte: Se formos enganados durante muito tempo, temos tendência a rejeitar qualquer prova de fraude. Deixamos de estar interessados em descobrir a verdade. A fraude apanhou-nos. É demasiado doloroso reconhecer, nem que seja para nós mesmos , que fomos levados à certa. Uma vez que damos a um charlatão poder sobre nós mesmos, quase nunca o recuperamos. Por conseguinte, as velhas fraudes têm tendência a persistir, ao mesmo tempo que surgem outras novas.'' * Ora aí está. As coisas são como são. Por maior envolvimento que haja dos agentes da Lei no combate ao que é criminoso, hão-de existir sempre os outros, os que sabem aproveitar-se da mesma Lei, que sabem dar-lhe a volta graças aos seus advogados-interpretes e prevaricam. Os impolutos, afinal são criminosos. Andam à solta e são a notícia! E todos nós, os inocentes (se é que o somos), mais uns que outros tiramos o chapéu a esta gente. É um dos mais ricos do mundo... Não querendo generalizar, já generalizei.
Será que me vou habituar a este cancro que é a fraude, a encolher os ombros e seguir como se nada de mal se estivesse a passar? Bem, por enquanto ainda posso escrever. Não estamos assim tão mal. Mas há quem tenha saudades do tempo da outra senhora. Não havia nada disto. Lá, as fraudes não existiram :- e se existiram, não poderiam haver guidinhas a desabafar sobre elas.


*Carl Sagan, in "O Mundo Infestado de Demónios"

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