Um dia Feliz, querida Pitu!!!

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Não me recordo de todos os meus aniversários. Nem todos foram marcantes. Lembro que existia uma máquina de tirar fotografias que meu Pai tinha trazido da América, durante uma das viagens que o Navio Escola Sagres fez, rumo a Nova York. Era um caixote preto, leve, com uma asa em cima para se pegar. Parecia uma malinha de mão. Eu espreitava por um vidrinho redondo e via as pessoas de pernas para o ar. Muitas fotos foram tiradas com esse caixotinho. Os meus aniversários eram quase sempre passados na Serra, quando estava de férias com a minha Avó Olinda. Não havia possibilidades de grandes festas e muitas vezes o dia passou, assim sem eu perceber. E a ideia de fotografar para mais tarde recordar, não estava presente. Os tempos eram outros. Quero eu dizer que, há cinquenta e tal anos anos, não havia o habito de festas de aniversário. Lá de vez em quando, estando a família toda presente, havia um bolinho para apagar as velas e assim festejar a soma de mais 1 ano, na nossa idade.
De algumas das festas de aniversário que ficaram na minha mente, recordo a dos meus 17 anos. Tinha acabado de chegar de Luanda, com Mãe e Irmão. No Paquete Infante D. Henrique. Pai iria continuar por lá, a terminar a comissão de serviço na Marinha de Guerra, na Base Naval na Ilha de Luanda. Trouxe um vestido lindo, para a festa. Era quase de apresentação da nova Guidinha. Eu até já tinha namorado! Recordo o vestido, a festa que fizemos para reunir os meus amigos (poucos) e vizinhos do jogo do ringue e dos bailaricos de gira-discos a tocar (mais alguns). O vestido, de um tecido azul claro, brilhante, grosso, era de linha trapézio na saia e com corte à princesa, sendo o peito de cetim azul também. Era muito bonito e está de novo na moda, esta estação. Hei-de procurar fotos desse tempo. Depois farei um scan de uma delas, para recordar mesmo, e junta-la-hei a este texto.
Todo este relambório para justificar o meu espanto. Faz hoje 17 anos que a minha sobrinha Pitu nasceu. A minha única sobrinha, filha de meu Irmão. Até ao ano passado, houve um jantar e um bolo de aniversário. Ultimamente, só para os mais chegados. Este ano, pela 1ª vez em 17, ela não quer festejar. Não quer ter uma festa, prendas, beijinhos e abraços. Não quer. 'Não ligo', disse-me ontem pelo telefone. Não liga??? Fiquei ... não digo triste, mas não consigo encontrar outra palavra, mais certa, para descrever esta sensação.
Que se passa hoje em dia, que os jovens não sentem que devem festejar um acontecimento tão importante para a família, como o nascimento deles? É a estória deles que se está a escrever, que estamos a viver. São o nosso futuro. E é a nossa história, enquanto família, enquanto estamos vivos e podemos juntar-nos e festejar. Hei-de estudar este fenómeno. É que a minha Pitu não é única nesta nova moda de não querer assinalar a data do seu nascimento. Ela é quem sabe, Pitu? Mas eu estou triste. Queria estar aí contigo, com a nossa mini-família de 6 pessoas. Bolas, também sou tua Madrinha. São dois cargos importantes na minha vida e tu não me deixas exerce-los. Má!
Um dia feliz, desejo-te. O primeiro dia dos teus 17 aninhos. Talvez para o ano, quem sabe, tu mudes de opinião. Ou talvez não.
Que a Vida te sorria e encontres Felicidade no dia-a-dia. Beijo e xi-coração.

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