Paula


Foto de J. Pinto, clicada do Penedo. A terra não tremeu por lá, o fogo não a lambeu. Deve estar tudo na «santa paz do senhor», como costumam dizer. 
Assim sendo, estamos de malas feitas para uma pequena estadia. 
Parece que o verão teima em ficar mais uns dias. 
Desejo muito não ter nenhuma notícia má, enquanto por lá permanecer. Não que não a espere. 
A natureza prega-nos partidas terríveis. Estamos entregues a nós próprios, recebendo da medicina o que ela tem para nos confortar o corpo, quando surge a doença. Mais nada. Milagres não os peço, porque para mim, acordar todas as manhãs é o milagre. Vou estando por aqui, alimentando-me de sorte e aceitando conscientemente o que me aparece. Falo comigo, aceito-me nas minhas incapacidades. Dou-me bem comigo mesma. Dou-me menos bem com outros, pelo que desejam. Por causa do que penso sobre a Vida  e do que espero dela, para mim.
Há doenças e doenças. Há estadios e os respectivos protocolos de tratamento. Incapacidades, as mais variadas. Há imensos avanços da medicina, tratamentos a oferecer. Mas só isso, ainda não chega.
Lamento muito quem tem de partir antes do seu tempo, por já não ter mais nada com que se defender. Uma parte da vida passada a lutar terrivelmente contra si mesma, para nada. Até que, como uma onda, foi invadida e iniciou a partida, para a derradeira viagem. Quem a ama, espera. Espera o milagre. Que milagre?!
O cancro desconcerta, faz sofrer, mata. Neste momento, eu desejo-lhe Paz, a Paz que sobrevem das longas lutas, mesmo que inglórias.

Prometo voltar. São só 5 dias.
Fiquem bem.

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