Malhar o feijão




Fim de tarde. Ouvi um som. Fui à procura da origem, porque o conheço. Lá estava Laura. 
Bate. Junta tudo. Torna a bater, com força. Com uma força muito buscada, que a idade trás maleitas, mas tem de se fazer e faz-se. 
Vinga-te, atirei-lhe enquanto a clicava. É uma boa terapia! continuei. Estás zangada com alguém? Aproveita e faz as pazes. Dá-lhe com força que ele não se queixa. O feijão, claro. Nem respondeu. Teria ouvido? Ou entendido? Ou o estado de cansaço dolorido em que se encontrava, limitou o seu bom humor? Pensa em mim rapariga! Nada. Fiquei sem saber.
De joelho direito no chão, bate. Troca de joelho e bate. Senta-se. Não há posição correcta para o antigo «debulhar» do feijão já seco. Vai separando as cascas. Os feijões vão ficando no chão. Mais tarde, ainda tem que erguê-lo numa cesta, acima dos ombros, e soltá-lo lentamente para cima de um resguardo enquanto espera que uma aragem passe e leve os resquícios das cascas. Finalmente os feijões estão prontos para serem guardados. Quase apanhados um-a-um. Espero receber uma tigelinha deles.
Talvez para o próximo feriado, se lá for.



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