Frutos de trabalho

Não é de todo a mesma coisa. Ir ao supermercado e comprar ou ir à fonte, à natureza e colher. Na Serra, o senhor meu irmão tomou conta e muito bem, da sua herança. Manteve as árvores anteriores que não morreram e tratou-as. O Serrado, local destinado há anos para as árvores de fruto, foi muito bem recuperado. Todos os frutos anteriormente eram a modos que selvagens. As maçãs, as ginjas, as cerejas e as ameixas, eram degustadas, mas sem grandeza. Actualmente, sem ele usar produtos químicos, só adubo natural, água do céu e não granizo, e muitas cavadelas, a mãe-natureza encarregou-se de devolver a quem a tratou bem, o fruto do investimento quer monetário, quer do trabalho. A sorte sai, às vezes, a quem a merece. As ameixas brancas e as roxas tombam os ramos, pelo peso dos cachos, ainda pequenas e verdes. As maçãs, também estão pequeninas, esperam mais uns tempos para serem degustadas. As ginjas, enfeitaram timidamente a sua mãe velhinha, talvez com 40 anos. Muito ácidas, talvez sejam uma trintena as que apanhámos. Olho-as ainda hoje, já em Lisboa, sem saber que destino lhes dar.
Agora, as três cerejeiras plantadas e enxertadas estavam a oferecer, timidamente, talvez por serem jovens, algumas cerejas de bom calibre, rijas, doces e de três cores. Umas esbranquiçadas, outras rosadas e outras vermelhas escuras. Novidade foram as framboesas. Mais junto à terra, bem enraizadas e alinhadas, esticadas na vertical e presas por fios a umas estacas, via-se que foram colocadas por quem sabe, ofereceram naquele dia da nossa visita, duas bolinhas prontas a serem degustadas pelo seu estado de maturação.
O dono não estava... ou eramos nós a degustá-las ou os passarinhos ... optámos pelo baptismo e apreciámos pela 1ª vez o seu sabor. Uma para cada um. Bonitinhas, embora não ficássemos apaixonados nem pelo seu sabor nem pela textura.

Ficam os parabéns ao senhor meu irmão pelo esforço em conservar, a alguns quilómetros de distância do seu dia-a-dia, um espaço que me proporciona este prazer de chegar, olhar e colher, levar para casa, passar por água e degustar. Prazeres estes perdidos há muito pelo consumo desenfreado que nos incutiram, nesta sociedade cada vez mais impessoal em que estamos inseridos. Bem-hajas.

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