Como é despedir-mo-nos de um canário?


Há 10 anos a minha família de 7 sofreu uma perda irreparável. Há 10 anos que te fomos buscar e te apontámos de entre uma dezena de semelhantes numa gaiola enorme. Eras amarelo como os demais, talvez mais vivaz, por isso te adoptámos. Para fazeres companhia a alguém que ficou só, de repente. Para dizeres, a piar, que estavas ali e que precisavas que tomassem conta de ti. Em troca aprendeste a comunicar. Foste esperto, inteligente, cantor inigualável, uma presença alegre nas janelas da vida da nossa família. De ano a ano, em Agosto, vinhas de férias até minha casa. No mês seguinte, para outra casa, para que tomassem conta enquanto nós nos ausentávamos. Andavas de casa em casa, até as férias de Verão acabarem e cada um de nós regressar ao trabalho. Todos gostavam de ti e posso assegurar que os outros canários das redondezas te conheciam só pelo canto.
Hoje, a senhora minha Mãe deu contigo de patinhas para o ar. Ficámos muito tristes. Foste-te embora velhinho, cego de um olho e com problemas nas patinhas. A velhice é isso mesmo. A degradação. Viveste feliz a tua vida de canário, bem tratado, respeitado e querido. Chegou o teu fim. Dizemos-te obrigada por tudo o que nos ofereceste.
Até Xiquinho.

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