Momentos (XIV)

Pissarrinha. À esquerda, há muito, muito tempo, dançou-se e retirou-se as capas ao milho nestas casas que viraram palheiros. Recordo o milho rei, a espiga arroxeada que se me saísse, significava ter de dar um xi-coração a cada um que estivesse sentado no chão a escapelar. Que coisa, hoje, nem uma espiga roxa se encontra.

Ruínas que os homens teimam em manter. Por desleixo, apenas. Na Cerdeira há sítios que contam estórias. Este é um deles. Uma família de 5 (pai, mãe e 3 filhos), de sua graça *Carriços*, que eu só vi uma ou duas vezes, parece que veio para Lisboa. E por cá ficaram. Na Serra, tudo se foi degradando. Os tempos eram difíceis. Tudo bem. Mas agora?

Muitos anos depois, os filhos-herdeiros nunca se preocuparam com este bem. Não vendem as ruínas e já houve quem quisesse comprar. Só muito a custo e de vez em quando alguém aparece para cortar as silvas e outras ervas autoctones que invadem as paredes dos vizinhos do lado. E isso porque foi pedida a intervenção da Guarda, no tempo em que haviam incêndios quase todos os anos. De notar uma abertura que foi uma porta (?), ainda tem o que resta de uma arca lá metida. Bonito de se ver. Ai estes senhores...

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