Saí de casa depois de jantar, lá na serra, com um casaco pelos ombros e o telélé na mão. Os candeeiros, especados aqui e ali, não iluminam a rua como na grande Lisboa. Lá a noite é noite, apesar deles. Estava fresco, sendo uma noite de Setembro. Fechei a cancela, olhei o céu e cliquei. - e comecei a descer. A lua cheia brilhava, branca e fria. Vénus, a estrela da manhã mesmo em cima à direita. que coisa não ter uma máquina de jeito ...
Não via viv'alma. Nem ouvia nada além dos meus passos no chão empedrado. De repente, um cão - talvez o Barnabé - ladrou. Um arrepio de susto percorreu-me a espinha. Era o ventinho. Continuei. Afinal pouco mais de uma dúzia de passos e já lá estou. Tinha decidido dar um pulinho à Ti' Júlia ... ontem não tinha ído e ela ralha-me... Como não tenho imaginação para lobisomens e afins, rápida e tranquilamente cheguei à porta dela. Dei o sinal, batendo e abrindo-a ao mesmo tempo: Posso entrar? Entra, foi a resposta. Continuei: Ui tão escuro lá fora, e está fresquito! disse à laia de cumprimento. E tens medo? perguntou ela. Não, mas não se vê ninguém ... risos.
Vai ela: É de noite faz escuro, ladram os cães tenho medo, se me queriam aqui, que me chamassem mais cedo. E deu uma risada. Todos demos.
De vez em quando, nos seus mais de noventa anos, ainda se sai com uma destas. Beijo Ti' Júlia.
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