Ainda há nomadas em Portugal

Desde que passeamos pelos Alentejos e pelo Algarve, de há uns anos a esta parte, observei a deslocação de famílias em carroças cheias com seus haveres. Debaixo dos chaparros, por esses montes fora, eles acampavam. Mas o que me fazia mesmo pena e ainda faz, eram os canitos, de língua de fora, amarrados, para não abandonarem a marcha longa e lenta.

Na Estrada Nacional 125 (a 125 azul do poeta cantor), pelas bermas, de vez em quando vi que havia vestígios orgânicos, deixados por animais de tracção. Pensei: Ainda andam por aí as carroças puxadas a mulas, carregando pessoas e bens, com canitos por baixo ... pus-me a pau.

Uma manhã, a caminho de Ayamonte - onde fomos para comprar caramelos e encher o depósito de gasóleo - apanhei-os. E cá estão eles. Num clic só, que não deu para mais. Quando marido abrandou numa passagem de peões perto de Monte Gordo.

Será que haverá lugar neste país para o nomadismo? Nem aqui nem na China, como se costuma dizer. As pessoas teem forçosamente de ser catalogadas para terem direitos. Tão simples quanto isto. Serão estes os últimos nómadas, à moda antiga, no Sul de Portugal?

Fala-se em ser nómada, hoje, em férias. A vontade de evasão, é uma necessidade e uma aventura. Para isso se concretizar, basta procurar empresas que nos proporcionem segurança e equipamento e nos levem, onde nunca pensámos ir. É mesmo a Aventura. Não o Nomadismo. Não é propriamente a nossa cultura nem a necessidade de procurar o sustento que nos obriga a ser nómada. É por ser moda chamarem-lhe. Por diversão. E mais não digo.

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