Procissão de Nossa Senhora da Saúde, iniciada em 1570, sai hoje às ruas de Lisboa

A procissão de Nossa Senhora da Saúde sai hoje às ruas na zona da Mouraria, Lisboa, cumprindo uma tradição iniciada em 1570 como forma de agradecer o fim da peste que nessa altura assolara a capital.

Realizada anualmente sem interrupções entre 1570 e 1910, com pompa religiosa e militar, a procissão foi retomada em 1940, sofrendo novo interregno entre 1974 e 1981.
Com origem no culto à Senhora da Saúde, padroeira dos artilheiros, a procissão é uma das festividades organizadas pela Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde e de São Sebastião, saindo da ermida da Mouraria e percorrendo a zona entre a Igreja de São Domingos e a Praça da Figueira.
Em Maio de 1569 uma violenta peste irrompeu em Lisboa, obrigando à fuga da família real, e a população invocou a intercessão de Nossa Senhora.
Pouco dias depois a peste desapareceu e foi mandada fazer, em agradecimento, uma imagem da Virgem, que recebeu o nome de Nossa Senhora da Saúde.
No ano seguinte começou a Procissão de Nossa Senhora da Saúde, que é também conhecida por Procissão dos Artilheiros, pela sua ligação aos militares, que ainda hoje se mantém, através do Regimento de Artilharia Antiaérea nº1.
Presidida por D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas, a procissão, com as imagens de Nossa Senhora da Saúde, Santa Bárbara, Santo António e São Sebastião, sai ao princípio da tarde da ermida da Mouraria e segue pelo Largo Martim Moniz, Rua da Palma, Avenida Almirante Reis até à Rua Maria, Rua do Benformoso, Calçada dos Cavaleiros, Praça da Figueira e Rua da Madalena, regressando à ermida.
In: JPA, Lusa
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Recordo ir a uma procissão como a que está no desenho. Quando era pequena, aí com 8 ou 9 anos. Toda a família vestiu roupas domingueiras. Eu levei os meus sapatos brancos e soquettes arrendados. Era uma festa! Bandas de música a tocarem, ouvia o som vir de longe. Aguardávamos a procissão perto da Praça da Figueira. Eu, metida entre Mãe, Avós e outros familiares, à frente para ver tudo, lado a lado com uma imensa multidão parada. Uns empurrando outros. Lembro das janelas com colchas coloridas dependuradas. Por detrás delas, pessoas com ar feliz. Outras nem tanto, a rezar. Velas de cera acesas dentro de copos de papelão, para não pingarem as mãos. Lembro das pétalas de flores, do alecrim, que as pessoas iam mandando das janelas. Lembro as tropas. Como eu gostava de fardas! Está quieta, diziam, que daqui a pouco já vês o Pai passar ... e eu, pequenita, olhava para cima, conforme a procissão passava e esperava, impaciente ... E quando as fardas brancas se aproximavam, com toda a pompa e circunstância do acto, os meus olhos percorriam as faces salpicadas de gotas de suor provocado pelo calor, à procura de um marujo muito especial, que marchava - um, dois, esquerdo, direito, encolhe a barriga e estica o peito ... E lembro que o vi. A marchar com uma espingarda ao ombro. Olhou-nos de lado e piscou um olho. E eu gritei: Pai! Pai! e abanei a mão a dizer adeus, toda contente. É o Pai, é o Pai, dizia eu, toda orgulhosa por ele lá ir e nos temos olhado. Outras mãos me sossegavam, pousadas nos meus ombros, como a querer por-me em sentido. A Senhora da Saúde passava logo a seguir. Mas eu, já tinha visto o que me interessava ...

2 comentários:

Margarida disse...

Para mim uma procissão é sempre emocionante, por várias vezes dei comigo com uma lágrima no olho emocionada só por ir atrás da banda Filármónica a ouvir o som do compasso musical.
É sempre assim essa música fica triste no meu ouvido e emociono-me só de ouvir e ir ali na procição a seguir compassada ao som do ritmo.
bjs da avó guida

Guidinha Pinto disse...

Querida Amiga, nunca fui numa procissão. É um acto de fé. Hoje, se assisto, espiritualmente sinto Paz, mostro respeito ...
Mas cuidado: os carteiristas andam por lá!!!
Beijo e obrigada pela visita.