Véspera de Natal


O Natal. Os sorrisos. Os cheiros. As fatias. A mousse de chocolate. O bolo Rei. As toilettes. As prendas para a troca. E estamos prontos para a Festa das Famílias. Este ano não faltou ninguém por comparação com o ano passado. Somos só meia dúzia e a quatro patas.
Com recordações, muitas, cada vez mais. Vão acumulando com o tempo. Pequeninas coisas, pequenos gestos, trazem à memória os já idos.
O Natal, para mim, é um misto de Alegria e de Saudade. Tanto choro copiosamente como me alegro. Pareço uma tola. É que já faltam alguns dos mais chegados - Pai, Cremilde, Filipe, Avó, Avô. Foram-se indo. «É tão bom ser pequenino, ter Pai, ter Mãe ter Avós...». Pois.
As ausências eternas magoam demais. Falta-me o gesto, aquele toque pessoal, principalmente do senhor meu Pai por ter sido o último a partir. Falta-me, por exemplo, este ritual. Para a Consoada, juntava-mo-nos em casa deles, dos senhores meus Pais. Já noite, batíamos à sua porta: 
- Quem é? como se ele não soubesse.
- Somos nós Pai. Dizia-lhe, depois de subirmos um 2º andar carregados de prendas e coisinhas para pôr na mesa, alegremente cansados e gelados. A porta não se abria logo.
- Trouxeram as prendas?
- Claro! Abra!
- Não estou a ver nada. E a porta abria-se e aparecia ele a espreitar, com um sorriso de alegria, de felicidade, a receber-nos. Falta-me o seu abraço, a sua voz, o seu cheiro. Os anos passaram. Mas continua a doer a sua ausência. Já lá vão 12 Natais. 

Na foto, as «minhas meninas». Elas não se zangam por as tratar assim.
Festas Felizes!

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