A barroca da minha infância

A saudade que tenho da frescura destas águas doces e frias que brotam, um fio, por debaixo duma fraga lá mais acima, se alargam e se estreitam conforme o seu leito feito de pedras, fetos e outras verduras e que chegam aqui. É aqui, na «minha» barroca, que se essas água se expandem, ficam baixinhas. O seu fundo vai subindo de ano para ano, com um acumular de tudo o que as águas trazem e deixam aí depositadas. É um local esquecido. Não por mim. Vai ser bom mergulhar os pés descalços, nas tardes quentes de Verão que ainda estão para vir no próximo Setembro.

Para chegar ao calhau e me sentar - um calhau que rebolou do Penedo há muitos tempos atrás e por ali ganhou cama - sofro um pouco, fazem mossa, as pedras nos meus pés. Ai, ui, algum equilíbrio e sento-me. Sucesso! Olho à volta, aguço o ouvido. Marido na margem seca com Bi ao colo, que a menina não pode molhar-se ... som de águas e pouco mais. Verdes eucaliptos, e mais verdes silvas e moitas e moiteiros e fetos.

Estou ansiosa. Sempre vale a pena ir até lá. Sempre valeu a pena.
Pena mesmo é não ser limpa, aproveitada para todos e por todos...

Estou a 3 dias de mudar de sítio. Lisboa vai de novo encher-se de azáfama. Lá em cima, apenas os silêncios dos que lá moram, o ar respirável, a barroca, o Penedo e pouco mais. Ah! e as courgettes. Já me esquecia das minhas courgettes.

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