Pasteis de Feijão, só os de Torres Vedras contam



Ir a Torres Vedras, ao Mercado novo e não esquecer de comprar estes mimos, é coisa que acontece com alguma frequência. Podem ser feitos na Fábrica Coroa ou na Fábrica Brazão. É-nos indiferente. São muito idênticos. Parecem asas de anjinhos a «cocegar» a garganta. Feitos de gemas de ovos, açúcar, feijão e amêndoa, são macios, com um sabor único, uma tentação a cada dentada. Um dos muitos tradicionais doces portugueses, mas um dos meus dilectos. Para poder contar a estória destes bolinhos, procurei e encontrei - o que é que não encontramos quando procuramos ...
Conta a história que:
- «Nos finais do século XIX, vivia na Vila de Torres Vedras uma ilustre senhora, D. Joaquina Rodrigues, que possuía uma receita de uns deliciosos pastéis, feitos com requintes de mestria, com que brindava os seus familiares e amigos.

D. Maria aprendeu muito bem a lição e passou a fabricar os pastelinhos por encomenda, sendo ela a primeira pessoa a comercializá-los.No entanto, a receita também foi divulgada entre os familiares de D. Joaquina e, assim, uma parente de nome Maria Adelaide Rodrigues da Silva, na intimidade conhecida por Mazinha, também aprendeu a arte de fabricar os pastéis de feijão.

A gentil Mazinha, como era conhecida por todos, casou entretanto com o Sr. Álvaro de Fontes Simões, alcunhado de Pantaleão, que decidiu explorar comercialmente os doces. Assim, nasceram os pastéis de feijão da marca "Maria Adelaide Rodrigues da Silva", que alcançaram um estrondoso sucesso que se estendeu para muito além da região de Torres Vedras.

Posteriormente, começaram as pastelarias da terra a dar fabrico próprio aos famosos pastéis, segundo receitas da sua autoria, mas sempre com a amêndoa e o feijão por base.

Por volta de 1940, um filho do Sr. Álvaro Simões, Virgílio Simões, montou uma fábrica especificamente destinada ao fabrico dos pastéis. Nasciam os muito conhecidos pastéis "Coroa". Esta fábrica incrementou de tal modo a produção que o seu proprietário decidiu mecanizá-la. Em 1973, já trabalhavam na fábrica 14 empregados e eram produzidas 250 dúzias diárias.

De seguida, uma irmã do Sr. Virgílio e igualmente enteada da "Mazinha" , a D. Vigília, criou uma nova fábrica, que baptizou de "Brazão", o seu apelido matrimonial. Tendo cessado a laboração em 1960, a marca seria vendida já nos anos 80, passando os pastéis a ser fabricados no lugar do Bonabal, agora com o rótulo de "Brazão".

Em meados do século, o pastel de feijão tinha-se assumido universalmente como o doce de Torres Vedras.

Devido ao desenvolvimento das indústrias artesanais, existem, actualmente, em Torres Vedras várias fábricas de Pastéis de Feijão.

Deixamos os ingredientes para que não restem dúvidas e convidamo-lo a provar este óptimo doce cujo processo de certificação está a dar os primeiros passos.

Ingredientes para 24 Pastéis de feijão :

  • 500 gr de açúcar pilé
  • 125 gr de polme de feijão branco
  • 125 gr de miolo de amêndoa
  • 12 gemas de ovo e uma pitada de sal »

Roubei daqui a informação e a receita. Já marcharam todos. Não eram muitos :).

Já agora, descobrimos um restaurante à saída de Torres Vedras, a caminho da Ericeira onde se petisca em português. Poucos quilómetros percorremos e à direita, o Habitu's. A morada é Estrada Nacional nº 9, Casalinhos de Alfaia. Não sou sócia, mas como gostámos, partilho.
Entramos e lá dentro, um ambiente muito agradável, quentinho no inverno e fresco no tempo quente. Uma jovem senhora de sotaque brasileiro cumprimenta e propõe-nos os petiscos. Azeitonas, queijo e pão de Torres já foram postos na mesa e um vinho alentejano vendido a jarro, que não lembro o nome, era mesmo bom. O polvo em salada e à lagareiro, o bacalhau com batata pequenina assados, mergulhados em azeite quente com alhos, as espetada de lulas e camarão são pratos que já degustámos e aconselhamos. Depois as sobremesas, que são pensadas de modo a não estragarem mais a dieta, ultrapassada que já foi com os pedacinhos de pão mergulhado no azeite quente com aroma de alhos.
A tarde esteve linda. Seguimos a caminho de casa. Iríamos passar pela costa e ver o mar.

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