História de Portugal muito condensada

Ler não é tempo perdido! Quem diz que estudar história demora tempo, engana-se. Assim sendo, leiam esta preciosidade escrita não sei por quem! Está simplesmente genial. Lembrei-me dos meus amigos monarquicos e por eles, que calculo sejam inteligentes, vou colocar aqui. Irão decerto sorrir, porque sorrir faz falta nos tempos de hoje e apreciar esta maneira educada e informada de brincar com a nossa História. Recebi, via e-mail, de P. Santa Cruz. Obrigada.
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«Tudo começou com um tal Henriques que não se dava bem com a mãe. E acabou por se vingar na pandilha de mauritanos que vivia do outro lado do Tejo. Para piorar ainda mais as coisas, decidiu casar com uma espanhola qualquer e não teve muito tempo para lhe desfrutar do salero porque a tipa apanhou uma camada de peste negra e morreu. Pouco tempo depois, o fulano, que por acaso era rei, bateu também as botas e foi desta para melhor. Para a coisa não ficar completamente entregue à bicharada, apareceu um tal João que, ajudado por um amigo de longa data que era afoito para a porrada, conseguiu pôr os espanhóis a enformar pão e ainda arranjou uns trocos para comprar uns barcos ao filho que era dado aos desportos náuticos. De tal maneira que decidiu pôr os barcos a render e inaugurou o primeiro cruzeiro marítimo entre Lisboa e o Japão com escalas no Funchal, Salvador, Luanda, Lourenço Marques, Ormuz, Calecute, Malaca, Timor e Macau.

Quando a coisa deu para o torto, ficou nas lonas só com um pacote de pimenta para recordação e resolveu ir afogar as mágoas, provocando a malta de Alcácer-Quibir para uma cena de estalo. Felizmente, tinha um primo, o Filipe, que não se importou de tomar conta do estaminé até chegar outro João que enriqueceu com o pilim que uma tia lhe mandava do Brasil e acabou por gastar tudo em conventos e aquedutos.

Com conventos a mais e dinheiro menos, as coisas lá se iam aguentando até começar tudo a abanar numa manhã de Novembro. Muita coisa se partiu. Mas sem gravidade porque, passado pouco tempo, já estava tudo arranjado outra vez, graças a um mânfio chamado Sebastião que tinha jeito para o bricolage e não era mau tipo apesar das perucas um bocado amaricadas.

Foi por essa altura que o Napoleão bateu à porta a perguntar se podia ficar com isto. Levou com os pés dos ingleses que queriam o mesmo. Outro João tinha dois filhos e queria pôr o Pedro a brincar com o irmão mais novo, o Miguel, mas este teve uma crise de ciúmes e tratou de armar confusão que só acabou quando levou um valente puxão de orelhas do mano que já ia a caminho do Brasil para tratar de uns negócios.

A malta começou a votar mas as coisas não melhoraram grande coisa. E foi por isso que um Carlos anafado levou um tiro nos coiratos quando passeava de carroça pelo Terreiro do Paço.
O pessoal assustou-se com o barulho, escondeu-se num buraco e vieram os republicanos que meteram isto numa guerra onde ninguém nos queria.

Na Flandres levámos tiros que fartou disparados por alemães. Ao intervalo, já perdíamos por muitos mas o desafio não chegou ao fim porque uma tipa vestida de branco apareceu a flutuar por cima de uma azinheira e três pastores deram primeiro em doidos, depois em mortos e mais tarde em beatos.

Se não fosse por um velhote das Beiras, a confusão tinha continuado mas, felizmente, não continuou. Angola continuava a ser nossa mesmo que andassem para aí a espalhar boatos.


Comunistas dum camandro! Tanto insistiram que o velhote se mandou do cadeirão abaixo e houve rebaldaria tamanha que foi preciso pôr um chaimite e um molho cravos em cima do assunto.

Depois parece que houve um Mário qualquer que assinou um papel que nos pôs na Europa e ainda teve tempo para transformar uma lixeira numa exposição mundial e mamar uma seca da Grécia na final do futebol.

E Cavaco ? O Cavaco foi com o Pai Natal e o palhaço no comboio ao circo...»

3 comentários:

O Rouxinol de Pomares disse...

Espectáculo! Sempre gostei de história, até porque para percebermos o presente e compreendermos o futuro é preciso conhecer o passado, mas esta "história" assim contada não conhecia.
Achei graça porque está lindíssima!

Guidinha Pinto disse...

Olá Rouxinol de Pomares, obrigada pelo comentário.
Um primor esta estória da história. Pena desconhecer o autor.

Elvira disse...

Olá. Há uns tempos que não te visitava aqui; falta de tempo. Entretive-me hoje um pouco a ler estes artigos e gostei especialmente desta estória sobre a nossa História. Nunca tinha lido algo semelhante. Muito engraçada, de facto. Beijinhos.