Parabéns Chefe Silva.


«Eu aprendo seja com quem for», disse, humilde, o homem que entrou na cozinha de um hotel, pela primeira vez aos 18 anos, com a jaleca riscada dos ajudantes, já lá vão 50 anos. /... À data do 25 de Abril, já era professor na Escola de Hotelaria do Porto. Nessa altura, a cantina da delegação do Porto da RTP tinha fama de servir mal. Promoveu-se um curso intensivo para a cozinheira, com um professor de hotelaria. Calhou a António Silva a responsabilidade da reciclagem. Quando a dita cozinheira voltou à base, a diferença nos pratos era óbvia. Os responsáveis da televisão pediram então ao obreiro do milagre para criar o «Tele-Culinária», um programa didáctico e semanal com duração de 25 minutos. E foi assim pela porta da cantina que o chefe António Silva entrou nos estúdios da RTP, há quase 30 anos. Desde então, abriu o seu próprio restaurante, o Super-Chefe, no centro de Lisboa, e continuou a colaborar esporadicamente com as televisões, estando agora numa rubrica do programa matinal da TVI. Assinou livros de receitas, por diversas vezes foi onde estavam portugueses no mundo, matar-lhes as saudades do bacalhau e da dobrada. Nestes anos mudaram os hábitos alimentares. Entraram as dietas saudáveis, o «fast-food», o microondas, as refeições de pacote e os nitrofuranos. Mas o chefe Silva continua a ser o guardião de uma cozinha robusta e honesta, feita directamente para o estômago.» Texto de Telma Miguel

A modéstia doura os talentos, a vaidade os desilustra. Palavras sábias de Marquês de Maricá e que se aplicam a um senhor artista na arte da culinária. Isto, a propósito de um homem que muito admiro, o Chefe Silva, o Sr. Tele culinária, que festeja hoje mais um aniversário. Quanto a mim posso afirmar que herdei da minha avó Olinda e da senhora minha mãe, o paladar apurado. A foto mostra a minha primeira revista de culinária, a Nº 1, comprada com dinheiro do meu trabalho, talvez em 1974 ou 75 (engraçado, a revista não tem data!). Custou durante muitos anos 5$oo (25 centimos). Era semanal. Não sei quantas Tele culinárias adquiri. Só sei que tive de parar anos mais tarde, quando cheguei à conclusão que teria de viver muitas vidas para elaborar todos os petiscos deste Chefe. Para além da cozinha para principiantes, haviam as receitas filmadas, que davam largas à minha imaginação de principiante na cozinha.
As receitas utilizavam ingredientes que eu facilmente adquiria na mercearia ou na praça.
Casei em 1974. O meu primeiro bolo feito de propósito para os primeiros convidados na minha casa, foi o bolo da capa: Bolo de S. Tomé. Um sucesso.
Para além dos ingredientes raramente precisarem de erratas, continha outras informações preciosas como o calor do forno, como o tempo de cozedura de um bolo dependia da largura da forma onde o mesmo fosse cozido e até indicava as equivalências dos ingredientes em colheres, para aquelas «cozinheiras» que não tivessem ainda balança de cozinha.
Ensinou aí (eu aprendi para sempre) como se preparava um saquinho de papel vegetal para decorar um bolo.
Em homenagem a este senhor, fica este post e a transcrição da receita do Bolo de S. Tomé no meu cantinho-da-engorda. Já há muitos anos que não o faço! Qualquer dia, repito-o.
Viva muito e viva bem senhor Chefe Silva. PARABÉNS!

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