Hoje em dia, já não utilizo.

Tal como a televisão, cumpre-se hoje a inauguração do Metropolitano de Lisboa. Há 50 anos. Eu era uma miúda de 6 anos, mas recordo-me do movimento das pessoas e de ver umas escadas que elas desciam e desapareciam debaixo da rua. Aquele M em fundo encarnado, ao lado do primeiro degrau, o bafo morno com cheiro a electricidade que vinha lá debaixo, foi coisa que sempre ficou na minha memória. Havia medos. E se houver um acidente? Andar lá debaixo da terra com'ás minhocas? Eu não!
Nós aproveitámos e fizemos a nossa primeira viagem indo do Chile até 7 Rios. Fomos visitar a «família» ao Jardim Zoológico. Tivemos de mudar no Marquês de Pombal, subir e descer as escadas para a plataforma em frente. Foi uma aventura. Há uma foto desse dia, no Jardim Zoológico, em casa da senhora minha mãe.
Lembro-me do mapa em Y, que indicava serem Sete-Rios, Campo Pequeno e Rossio as três estações onde se iniciava cada linha. O Marquês de Pombal era o vértice das duas únicas linhas inauguradas.
Lembro-me do aviso eléctrico que estava pendurado nos tectos de todas as estações, indicando qual o destino do próximo comboio e quantos minutos faltavam para a sua chegada.
Lembro-me que havia uma cabine em cada estação e que lá dentro havia um senhor fardado a quem podíamos pedir informações.
Mais tarde, por volta dos meus 9 anos, saímos de casa dos avós e fomos morar para uma casa novinha em folha, em frente ao Jardim Zoológico. Durante muitos anos, o Metropolitano foi o transporte eleito dos lá de casa. Sorte a nossa. Era muito mais rápida a viagem feita no metropolitano que nos autocarros e nos eléctricos que nesse tempo passavam na Estrada de Benfica. Tínhamos paragens perto das escolas, da família que se visitava e dos locais de trabalho.
Recordo que a única estação que tinha escadas rolantes era o Parque (espero não estar equivocada). Algumas vezes eu e coleguinhas minhas desviámos o percurso directo da escola para casa (Rossio - Sete Rios), para andarmos escada acima escada abaixo na estação do Parque. Até que vinha o "fiscal" e corria connosco, dada a algazarra que fazíamos. Inocentes garotices.
Tenho muitas saudades do tempo de andar naquele Metropolitano. Foi um bom tempo. E é do meu tempo esta inauguração.
Aqui está o mapa da ampliação das linhas ao longo dos 50 anos de existência.

4 comentários:

Anónimo disse...

Bons tempos, não é? Esta tua estória fez-me lembrar que também eu, no ano lectivo de 74/75, que esteve para ser anulado e não foi, passava o tempo todo de intervalo entre as aulas, junto com uma colega de turma minha (só tínhamos a 1ª e última aulas) a subir e a descer as escadas rolantes da estação de metro do Intendente - só existe uma escada no sentido ascendente, já podes ver a coboiada, mas nunca fomos interpeladas por um "fiscal". A estação de metro ficava mesmo em frente da escola, externato Luís de Camões. Andava no 1º ano do liceu, esse ano realmente não foi anulado e eu chumbei! Muito engraçado!
Prima Elvira.

Guidinha Pinto disse...

Só mesmo nós para nos lembrar-mos de tal coisa, Prima Elvira. Eu ainda ía para o Parque, agora tu no Imtendente ... eramos mesmo inocentezinhas, não eramos?
Beijos.

Anónimo disse...

Éramos inocentes; eu era, mas era uma questão de ser a estação de metro mesmo em frente à escola que frequentei só nesse ano. Não dávamos mau aspecto, éramos quase crianças... e a subir e a descer escadas, ou a mesma escada, nos dois sentidos! Enfim, maluqueiras que não fazíamos todos os dias, mas muitas vezes. Tínhamos cerca de três horas livres entre a 1ª e a última aulas que eram as únicas que tivemos desde o início do 2º período até ao fim do ano. Tinha 12 aninhos. Foi o chamado ano das greves, lembras-te? No seguinte estreou o curso unificado e eu repeti,não o 1º do liceu mas o 7º ano de escolaridade - na Filipa de Lencastre, uma zona que não tinha nada a ver com a anterior... É verdade, sim senhor!
Prima Elvira.

Paula Santa Cruz disse...

Olá,
Bonito texto a relembrar coisas passadas. É tão bom recordar!
Bjs.
Paula