Momentos (XII)

Góis. Pormenores de casas, felizmente recuperadas
Quando em Góis, virados para Sul, levantamos a cabeça e os olhos do empedrado das ruas, o que vimos? Um rochedo, ou antes, o cimo de um maciço rochoso, a espreitar por detrás da Serra da Lousã. Na pitorrinha, o marco geodésico informa: 1048m de Adicionar imagemaltitude. O Penedo de Góis, ou Penedo do meio dia, como os antigos lhe chamavam, é um ponto que se vê ao longe e se identifica. É sinal de estarmos perto de casa, a casa da nossa infância de meninos em férias. Da casa que entretanto se ergueu, por gosto, por amor ao local. O Penedo que todos os anos se escalava em grupo, sem cordas nem arnês, magnésio ou capacete. Só a alegria de ser um grupo, com ténis e uma garrafa de água. Alguns com máquinas de retratos. Outros com sandocas e fruta. A força nas pernas e a entreajuda para a subida e depois para a descida eram o necessário.
Chegados lá acima, o ar faltava-nos. Pelo esforço despendido subindo as últimas fragas, por termos conseguido lá chegar e pela vista sobre o horizonte que se estendia à nossa volta.

Penedo, será que existe alguém insensível, tão ignorante, tão inconsciente, que consinta espetar-te aerogeneradores como farpas em touros? Em nome de que futuro e de que evolução? Será? Só de pensar que essa hipótese está a ser discutida, sinto um nó no peito. Há pontos neste Planeta que deveriam ser intocáveis e então na nossa memória, preservados para todo o sempre.

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