Ida ao Tivoli - A minha primeira vez

Foi muito agradável sair de casa à noite, sem Marido, pela primeira vez em muitos anos. Éramos quatro mulheres de idades compreendidas entre os quase 80 e os ainda não 50. Uma delas, assídua ouvinte da Rádio Sim (eu nunca tinha ouvido nem falar), quis assistir à festa da 1ª Gala da Rádio Sim no Tivoli e convidou a sobrinha. Esta, minha cunhada, convidou a sogra dela, minha mãe. A seguir lembraram-se de mim. Ponto de encontro: 7 Rios às 20:00 horas. Todas pontuais e ála de táxi para a Avenida da Liberdade. Fiquei admirada com o número de pessoas na Avenida, a tomarem refeições nas esplanadas. A noite convidava, de facto. Há quantos anos que não saía para ir a qualquer lado, à noite. À porta do Tivoli, uma multidão de fãs da Rádio e dos artistas que iam actuar. Era uma *fauna* diferente. Entrámos. Subimos e procurámos os nossos lugares, no mesmo Balcão, mas dispersos. Quase sufoquei com o que me calhou, na última fila do 1º Balcão. Foi o único contra nesta minha estreia nestas andanças da música portuguesa e no Tivoli.
Enquanto aguardava a luz diminuir de intensidade, fiz por distrair-me. Olhei para baixo, para cima, para os lados. Sentava-me, levantava-me para outros passarem. Desculpe, com licença e os rabos iam passando à minha frente. Que poderia eu fazer? Sair? Não. Aguentei e aqui estou vivinha da costa. Ar, não me chegou ao nariz durante as horas que o espectáculo durou, daquele ar que os locais fechados nos oferecem, do condicionado. O acento em veludo, era quente. Apesar de ter um leque na mão esquerda e abanar-me ajudou, mas não muito. Só pecou por este facto: O 1º Balcão é impróprio para asmáticos e ponto final.
A alegria que reinava naquele cine-teatro era contagiante. Mais idosos que de meia idade, uns vestidos de gala, outros em traje mais casual, mas vivos, a cantar, a mandarem bocas aos artistas. Consumiam assim mais oxigénio e não me deu um treco porque eu resolvi entrar na festa. Filmei com o telélé, pequeninos excertos para recordação e fui viajar até à minha infância. Quando a vida te dá um limão, faz com ele uma limonada.

Vou deixar os filminhos que fiz, impróprios para o Youtube, mas que me vão saber bem OUVIR e também partilhar. Há canções que vale a pena continuar a ouvir, nesta sociedade de importações e de modas, que pouco vai deixar de conteúdo nacional para os jovens de hoje cantarolarem passados 50 anos, como eu fiz. Minha querida cunhada, que bem me fez ter ido.

Aqui está a história do cine-teatro Tivoli, nascido em 1924.

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