Sonho: uma viagem ao meu interior

Gabi: Recorte de foto de grupo

Ontem de manhã quando acordei, quis que fosse devagarinho. Senti-me saída de um bom sonho (é muito raro lembrar-me se sonhei). Tão bom que me imaginei ainda nele embora já estivesse bem acordada e de olhos fitos no branco teto do meu quarto.

Levantei-me e sem me mexer muito dirigi-me à janela, com a Bi a saltar à minha volta a pedir festas. Esqueci a minha amiga por uns instantes. Abri a janela encostei-me e acentei os braços, esticados para cima, com as mãos agarradas a cada uma das laterais. De olhos fechados respirei fundo. Os ruídos matinais da minha rua não foram suficientes para me arrancarem da sensação quase palpável do meu sonho. Eu continuava lá, nuns braços que me apertavam nos ombros e na cintura, de encontro a um peito vestido de branco com cheiro a alfazema. Suspirei. Ainda sentia o odor e o abraço. Estava tão em paz.

Neste sonho, por onde deambulei durante a noite, encontrei-me com a Gabi. Por entre uma doce neblina, num intervalo de abraço, vimo-nos. Ela vinha de vestido às flores, comprido que se arrastava pelo chão e com os ombros à mostra: *Gabi! Tás boa? - com sorrisos na cara enlaçámo-nos - há quanto tempo, estás na mesma e tão bonita ... e esse vestido!*. Lembro-me bem. Eu é que falei. Ela só sorriu para mim. Depois afastou-se, seguiu o seu caminho e eu senti-me de novo envolta naquele abraço perfumado. Que durou e durou. Até eu acordar. Quanto tempo? Não sei. Senti-me como lavada por dentro. Leve. A pairar, quase. O abraço e o aroma preduraram manhã fora, enquanto fazia a minha rotina matinal, até que se foi...

Que coisa, este meu cérebro ofereceu-me um bombom :) Hoje, é outro dia. Se sonhei esta noite, não me lembro.

P.S. Não é a primeira vez que sonho contigo, Gabi. Já não estás entre nós há uns anos largos, mas continuas guardada num cantinho do meu cérebro. Só pode ser. Não és um fantasma, és a recordação que em mim guardei. Posso afirmar-te que é sempre bom sonhar contigo Gabi de Porto Salvo, o teu nome de guerra no nosso serviço. Hoje, passadas algumas horas, continua em mim a impressão que procuro no mais recôndito do meu cérebro de quem seriam aqueles braços e aquele peito bem cheiroso. O monólogo, esse eu sei, foi entre nós duas. Descansa em paz.

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