Queijos do Thomas

Gosto muito, mesmo muito, de queijo de cabra. Estes são queijos da Quinta das Águias, comprados por meu irmão - que ele é que conhece os caminhos por aquelas serras, serpenteadas de estradas e caminhos. A queijaria situa-se na freguesia do Colmeal, os queijeiros são Thomas e sua família. Estes dois queijos, de meia-cura, quero dizer que nem são frescos, nem são duros, demonstram uma textura muito macia, com pouco sal e o tradicional sabor do que é nosso. É um queijo com baixo teor de gordura, comparado com o puro de ovelha. Este tipo de queijos, de tamanho mais pequeno, depois de secos ficam rijos que nem pedras, mas continuam a ter um sabor único. Rilham-se, não se conseguem mastigar. Só quem conhece o sabor do que aqui escrevo, reconhece o *rilhar*. Podem conservar-se em azeite aromatizado com uma erva aromática a gosto. São uma óptima prenda.

Re-escrevo um pouco da estória do sítio desta família, que veio um dia lá de cima, da Europa mais fria, à procura de um cantinho ameno, mais para Sul. Fixaram-se numa serra longe de tudo e de todos, reinventando e ganhando a vida como os nossos antepassados mais recentes. Na terra e da terra. Há pão para quem semeia. Há futuro para quem trabalha.

E Trabalho duro é o nome do sucesso deles.

«A Quinta das Águias localiza-se por baixo da montanha de Caveiras. A quinta situa-se um pouco mais de 650 m acima do nível do mar e data por volta dos anos 1950 quando foram feitos os terraços. A ribeira que vem do monte, é refreada por uma levada que foi feita um pouco posterior às outras construções. Originalmente fundada como quinta para criação de porcos, é surpreendente ver um conjunto tão vasto de edifícios nesta localização tão remota e isolada. O actual proprietário fez um trabalho considerável durante da ultima década, replantando espécies de árvores nativas, mantende e reconstruindo os socalcos e estabeleceu o negócio de uma queijaria com mais de 150 cabras.* Ele trabalha de maneira tradicional com um cavalo e uma mula nos campos. A quinta não está ligada à rede eléctrica mas utiliza a água e painéis solares para gerar electricidade. Nos terraços do vale, criados para plantar milho, crescem agora nogueiras. Havia dois moinhos no vale mas infelizmente na cheia de Novembro de 2006 a ribeira montanhosa destruiu paredes e depositou uma grande quantidade de pedras, deixando assim muito trabalho de recuperação para ser feito.»

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