Política, Portugal, Poema

Suspiro por outros tempos que hão-de vir. Que mal me sinto viver no meu País no tempo actual. Quanto mais se comunica, menos se informa, portanto mais se desinforma. Mas um bem hajam. Sem liberdade de imprensa, não há democracia.

Ora bem. Estou a viver um tempo de ausências. Das que me assustam mais: Ausência de palavra; Ausência de vergonha; Ausência de carácter; Porquê? Que ânsias estas de percorrer caminhos paralelos que leis e normas sociais condenam. Onde estão os Homens sérios? César tinha uma mulher que para além de séria tinha de parecer ser séria! Estes 'apontados de' nos tempos que correm, são uns infelizes. Mas não se enxergam. Eu?! Eu?! São cabalas meus senhores. Invejas do que consegui com o meu paleio. Coitadinhos dos Homens-políticos do meu País. Trocaram o ser pelo parecer. Que exemplos meus senhores.

Cá estamos de novo em ano de eleições. Para o Parlamento europeu e para o nosso Par-lamento. Por mim desejo muuuito que o senhor Paulo Rangel vá. Saia de cena e leve a sua voz, os seus gestos, a sua pessoa. Ui! Vá e junte uns tostões. Não gaste tudo! Olhe que por cá, a vida está má!Vá aprender a ser oposição e a ter ideias e a concretiza-las.
Agora nós, por cá. A cada quatro anos surge uma possibilidade de renovação nos cargos políticos. Mas que políticos? Para estas eleições desejo que, à falta de melhor, ganhe e governe quem tiver mais votos. É isso. E é muito bom este presságio. Ele há por aí países onde isto não acontece.
Imagino: Desempregados inscritos nos partidos, de braços no ar e pontas de pés: Arranja-me um cargo! Pode ser na tua empresa com certeza eu dava conta do recado e pra ti era uma sossego. Diminuíam as estatísticas do desemprego. Algumas destas palavras são de Sérgio Godinho, lembro. E o raciocínio segue: - cada um desses cargos também traz consigo a possibilidade de serem nomeados outros tantos. Ele é secretários-de-secretários-de-secretários. E há por aí tanta gente sem fazer nada; - E mais os que ficaram para trás, porque os votos não chegaram para os eleger de novo. Coitados? Não! Os mais notórios, os que marcaram o seu nome na carreira política porque tiveram uma intervenção com responsabilidade, a de governar em algum tempo, bem ou mal, vão aparecendo, mais cedo ou mais tarde, participantes em escabrosas telenovelas, em directo na televisão.

Quem é esta gente que actualmente nos representa no hemiciclo de S. Bento? Foram à vida deles, como antes de serem políticos? Não. Andam por lá... os 'novos funcionários públicos com cargos' em empresas públicas. Maioritariamente advogados. Todos se conhecem, trocam de poleiros (agora é PS, agora é PSD) só que ninguém os apanha com a boca na botija, se eles próprios não se denunciarem. São os Pares. São os idênticos. Não ponho a mão no fogo por nenhum deles. Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades. Verdades? O que é isto de verdade? Mesmo quando dão azo a serem difamados na praça pública, eles não querem largar o osso! Pelo menos para limparem a baba dos queixos ou o suor da testa! Não. Continuam lambuzados, são sujeitos a interrogatórios pelos pares e juram a pés juntos que não roeram o osso, que não roeram o osso, pela santa mãezinha deles ... e por lá andam mais um mês, mais uns dias. Afinal tudo somado, no fim dá cá uma reforma! O senhor PR passa-lhes a mão na cabeça - já foram pares, eles conhecem-se, eles juraram que não roeram o osso, o PR acredita - e? Nada. Pelo menos até hoje.

Entretanto é ouvi-los nas arruadas, nos Mercados. É outra a telenovela, mas as vítimas são as mesmas. Nós. Precisam do nosso voto agora. Mas não é sempre. É só quando temos capacidade... de não fazer má figura porque não nos ensinaram o que é isso de estar na europa dos ... não sei quantos. Enfim.

Saravá meu pai, como dizem os nossos irmãos em língua. Nada acontece. Só ruído mediático. Cansa. Ufa!
Aqui estou eu, divertidíssima, na minha vidinha singela de dona de casa, a dar-me ares de entender alguma coisa destas coisas, como se não tivesse mais nada para fazer. Querem o meu voto? Ora tomem! No poema a seguir.
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Sou um ser único /
Somos todos seres únicos /
Por que então esta vontade /
De ser igual a todo mundo /
Por que seguir as regras /
Estabelecer parâmetros /
E marginalizar o que é diferente? /
Hoje não há distância /
Que não seja vencida /
Todos os lugares do mundo /
Estão povoados /
As cidades todas se parecem /
As pessoas todas se massificam ... /
Falam do povo, como se o povo /
Fosse um ser gigante /
Esquecem /
Que ele cada indivíduo /
Com suas vontades e desejos /
Com seus sonhos e medos... /
É preciso se sentir absoluto /
É preciso dar asas à imaginação /
É preciso dar ao homem liberdade /
De ser, sentir, estar, viver... /
Ou corremos o risco /
De nos tornarmos cópias /
Fantoches /
Nas mãos de alguns artistas /
Que loucos, traçarão o roteiro /
E encenarão a história /
Das nossas vidas...


Poema de Nydia Bonetti, retirado daqui.

Sem comentários: