Marcação de mesa. Teve de ser, disse Julinha. Entrei e espreitei. A sala, ampla e bastante alta, estava à pinha. O tecto era forrado em madeira com vigas à mostra. Nas paredes, pendiam quadros com bordados de Castelo Branco, lindos, em linha de seda. Uma lareira encimada por artefactos da região, apagada, que não estava frio, muito antes pelo contrário. E os olhares de quem se sentou primeiro e está no seu direito de o estar ... Esperar que outros terminem a refeição pode ser desgastante. Pertencíamos à segundo leva. Tínhamos de esperava a nossa vez. Fomos conversando e olhando as vistas. Quando nos chamaram, sentámo-nos, claro. A mesa redonda e no centro da sala ... foi posta por nós. A dona depositou os pratos, os copos e os talheres e os guardanapos entre mim e Julinha, resmungando. Deixe estar, nós pomos a mesa, parece que disse Marco. Eles já sabem como a casa é. Foram os donos que serviram os clientes, bufavam, foram desagradáveis. Fizeram-me lembrar alguns empregados antigos, que serviam clientes em restaurante de 3ª, fartinhos de trabalhar e sem gorjetas. Depois da mesa posta veio a ementa, com alguns dos petiscos já esgotados. No entanto, ainda havia muito por onde escolher. Alguma desorientação dos donos, algumas atitudes e respostas que não seriam de se esperar, repito, porque eram os donos, mas a comidinha, ah! a comidinha, estava muito bem feita. Numa grande travessa, vitela assada com arroz branco e batata frita aos palitos, com um molhinho delicioso no fundo. Que tempero. Esquecemos o acolhimento.
O que foi feito para anuncio de aquecedor, vale para esta estória:
«E tu Maria que dás calor à minha existência
quando a minha alma gela, fria,
e depois de me proporcionares o encher da pança
e sobre ti o meu doce olhar descansa ...
querida segurança! querida segurança»!
Foi mesmo assim. Só faltou dar umas palmadinhas no ventre, como fazia o frade depois de comer a sopa da pedra.
Restaurante Senhora da Graça, em Idanha-a-Nova. Não prima pelo atendimento, mas pelo tempero está de parabéns.
A quem nos pagou este almoço de Domingo de Páscoa, o nosso muito obrigados.

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