Igreja Matriz: Podemos entrar num instante? Alguém se preparava para fechar as portas. Hora de almoço. Podem, respondeu um acólito, mas agradeço que saiam pela porta lateral que estamos a fechar. Anuímos. Entrámos. Cliquei. Faço nota que o senhor acólito aguardou a nossa visita terminar, deu-me uma informação sobre uma imagem, na maior das calmas. Saímos, agradecemos e a seguir ele fechou a porta lateral e dirigiu-se a uma viatura estacionada onde se encontrava o senhor padre. Uns bons 10 minutos de espera. Pasmei, no bom sentido.
«As gentes das terras templárias de Idanha-a-Nova, na Beira Baixa raiana, continuam a substituir o imperfeito, por um presente, em que preservam as mais belas e puras tradições religiosas pascais, arreigadas e firmadas desde cultos préromanos até às vivências da devoção popular dos nossos dias onde o profano e o sagrado ora se enleiam, ora se enovelam, embora sem o fulgor e a massiva transparência de outros tempos. Merecem menção entre outras, a Encomendação das Almas, o Ir a ver Nosso Senhor , o Terço dos Homens, as Procissões Corridas e dos Sete Passos, o Lava-pés pelo Provedor da Misericórdia, o Louvado Nocisso, os Santos Passos, o Descimento da Cruz, o Santo Sepulcro, a Ceia dos Doze, o Queimar das Cinzas em Sábado Santo. Com a alegre e expansiva Aleluia, ao som do toque do milenar adufe, inicia-se a alegria também na Mãe do Ressuscitado, a devoção mariana, de seguida assinalada festivamente em inúmeras romarias, por todo o Concelho.
Assentes nas profundezas do imaginário colectivo, graças ao isolamento de séculos, à dinâmica das nove Irmandades da Misericórdia, no Concelho, de ímpar número, no País, e aos Párocos, em especial, os actuais, que serenamente sabem respeitar, valorizar e sublimar, à luz do Vaticano II, a religiosidade popular, aqui perduram tradições como numa "ilha encantada", não se sabendo por quanto mais tempo.
Uma bela maneira de se sentir em paz, num mundo que parece avassalado pelo desnorte, pela intranquilidade e perplexidade, é visitar as terras e as gentes de Idanha, em ambiente do ciclo quaresmal e pascal, pois permite retemperar as forças e avigorar o espírito não só aos inúmeros naturais residentes no País ou no estrangeiro, mas também aos visitantes cujo número cresce de ano para ano.»

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