Desistir e despedir de um prazer

Quando comecei esta colecção por fascículos, eu tinha um fito: bordar, bordar, bordar, quando me reformasse. O acto de bordar é um dos meus passatempos. Entretanto, era um prazer passar as folhas e olhar os trabalhos expostos, era um deleite para mim. Fiz alguns dos trabalhos e estão expostos nas paredes do meu Lar e oferecidos a Amigos. Mas o tempo muda-nos os planos. Passados mais de 6 anos, tinha dois dossiers cheios de coisas lindas, por fazer. Impossível continuar a desejar fazer. As surpresas que o estarmos vivas nos proporcionam, por vezes saem-nos tortas. Temos de desistir de desejos antigos. Temos de dizer adeus. E foi o que fiz. Despedi-me destas preciosidades manuais, folheando-as mais uma vez e clicando aqui e ali, para não as esquecer.
Agora, que destino dar-lhes? Sobrinhas, que eu conheça nunca pegaram numa agulha para exercitar um ponto, nem mostraram interesse no que tenho exposto, portanto não estariam interessadas neste legado. Decerto iria parar ao caixote do lixo quando eu batesse a bota, como muitas vezes reparo em espólios, junto aos contentores de lixo.
Ao mesmo tempo, com o Natal à porta, poderia ser uma belíssima prenda para alguém que de facto apreciasse esta Arte. O nome dela veio-me à ideia. Ela, é uma amiga-virtual. Metemo-nos uma com a outra através dos nossos blogs. Ela e eu trocamos confidências. Ela eu eu partilhamos o mesmo nome. Houve empatia entre nós. Ela já me tinha enviado uma prenda no Natal passado, via correio. Eu estava em falta! Ela sim. É para ela que vai, falei a Marido. Vamos ter à terra dela? Entretanto, sem querer estragar a surpresa, informei-a que talvez passássemos na terra dela, no dia tal ... estaria em casa? A resposta foi afirmativa. Prontos. Já está. Procurámos o melhor trajecto. Pouco mais de 90 quilómetros. Quando chegámos, procurámos um local para arrumar o carro - a nossa Bi também foi - e perguntámos onde poderíamos almoçar. Simpático o espaço. A meio da refeição, mandei uma mensagem sobre onde estávamos e se poderia vir ter connosco para um cafezinho. Sim, claro, foi a resposta. Eu não tirava os olhos da porta. Parecia uma miúda pequena. Depois foi esperar e comentar com Marido: olha, é ela! É como nas fotos. Deve ser ela, já nos sorriu! E foi como abraçar uma velha amiga, há muito não olhada. Que sensação boa. Tantos beijos e abraços virtuais transformados num só xi-coração! Que prazer foi partilhar, ao vivo, uma horita de gostos, sonhos, amores, desgraças, olhos nos olhos. E que bom foi entregar-lhe os meus dois dossiers, com votos de bons trabalhos, de bom natal, de bom ano, de melhor saúde. Com a certeza de que ela irá dar vida àqueles quadros, porque ela tem mãos de fada. Bem Hajas Guidinha!

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