Depois de muito ouvir, cansei

Depois de muito ouvir falar em política e em políticos - hoje até ouvi a discussão no nosso Parlamento - estou elucidada, mouca e dormente. Quem manda é quem pode e ponto final. É tudo uma ilusão. De vez em quando ainda caio nesta esparrela de ouvir dos políticos o que dizem e gasto o meu precioso tempo a torcer por um ou por outro. Chega. Mudam os tempos, mas não mudam as vontades. Parecem todos combinados. Ora agora danço eu, ora agora danças tu. Com um espaço de tempo regulamentado pelo meio. Pelo menos por agora, vou não ouvir nem quero saber de bolsas, índices, fraudes.
Vou voltar-me para outros sons e outras imagens. Para desintoxicar. Vou servir-me da cachimónia e recordar que lá longe, na Serra, estão os regatos de água, os cantos dum melro ou dum estorninho ou dum pica-pau, o balir das cabras; mais perto daqui, o som das ondas do mar, o vento nas copas das árvores, os barcos no Tejo. Ou para mais perto ainda, o ladrar do Gaspar, o piiiiiu dos pardais a pedir migalhas e o olhar calado dos gatos nas traseiras do meu prédio, à espera da ração diária. Ou mesmo para os mesmo meus. Uns sem som - o bonsai Carmona está a recuperar bem de uma maleita que o fez perder todas as folhas e o Beta Man, que me fita de dentro do seu mundo aquático. Com som - e que som - tenho a Bi, que entrou no cio e está carente de todo.
Como o tempo passa depressa. Ainda *ontem* foi fim de semana. Já é quarta feira e espero a todo o momento a entrega de um computador novo, com mais bytes de RAM, que este parece já não ter genica suficiente para me servir.

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