Há dois anos atrás, nas nossas férias em Setembro no Sítio lá na serra, ele apresentou-se de repente, agachando as patas dianteiras, abanando o rabo e *falando* a linguagem dos cães desamparados. Veio parar ao fundo do lugar porque ele sabia ...
Fiquem com ele que vocês precisam de companhia, atrevemo-nos a comentar. Não podiam, era mais uma despesa e ele era muito grande, dissera Laura. Olha, seremos os padrinhos. Enquanto cá estivermos ele terá de comer. E demos-lhe nome: Barnabé. É um nome giro, um nome forte.
Sem sinais de pertencer a alguém, destratado, novo, grande, magro, desajeitado, meigo e com as patas crivadas de minusculos bichinhos pretos que o atormentavam, dormia onde podia e de manhã lá estava, a abanar a cauda e a correr da porta dela para a minha e voltando para lá de novo. Começamos a guardar o que podiamos nos restos das refeições e no saco do pão. Comprámos em Góis ração. Ele devorava tudo. Ele tinha era fome, coitado.
O primeiro banho dele foi com água do chafariz e creolina. Foi Marido e Laura quem lho deram. Deixou-se prender com uma corda e deixou-se banhar. Pareceu agradecido. Por lá ficou até agora. Tem donos. Está vacinado, de saúde, reconhece quem lhe quer bem. Só não pode ver paus nas mãos das pessoas. Fica doido, ladra, rosna e atira-se ao pau. Algumas pessoas têem medo dele. Em vez de conversarem, ameaçam. Ele reconhece ... Está-se mesmo a ver que alguém já lhe passou um pau pelo lombo.
Para evitar problemas aos donos, está preso, à porta do palácio das galinhas. E das cabrinhas também. Quando nós nos aproximamos, cumprimenta-nos efusivamente. Este ano até se deitou no chão de barriga para o ar, tontinho de contente. Continua a ter os nossos mimos quando lá estamos. Desejamos saúde ao Barnabé. É um bonito cão.
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