Sábado 19. Dia da volta dos tristes.




Amanhã vamos aos melões da Lezíria. Querem vir? perguntei na véspera. Aceitaram. Dois vizinhos-amigos, Manuel e Joaquina, porque havia lugares vagos e porque é um sinal de boa vizinhança. Como Sogrinha também viria, em vez de a esperarmos, fomos ter com ela e aproveitar para surpreender a senhora minha Mãe que esperava a camioneta a caminho de Monte Gordo (sortuda!) e da qual já nos tínhamos despedido na véspera. Sogrinha tinha ido acompanhá-la - é coisa de amigas, mesmo. Chegámos ao terminal: Surpresa!!! Ela ficou surpresa e contente. Riu-se e deu abraços. Esperamos meia horita até que chegou a viatura. Uma camioneta amarela, novinha, da empresa EVA, com um belo motorista e uma assistente de bordo também simpática. Ia à frente, como gosta, num lugar marcado no bilhete comprado 4 dias antes. Parecia uma despedida como nos velhos tempos. Cinco à espera que uma entrasse e partisse na camioneta. E depois foram os beijinhos, os votos de boa viagem, os adeuses, como se a senhora minha Mãe fosse estar ausente por um longo período de tempo. Só me faltou um lenço branco, para acenar.
Após a camioneta partir rumo a Vila Real de Santo António, também nós partimos, em direcção ao Ribatejo. Parámos na venda à beira da estrada, na Recta do Cabo. Com muita pena nossa constatamos que já não havia melões verdes, os tradicionais casca de carvalho. Trouxemos dos brancos da Lezíria. Também muito bons, asseguraram. E cerejas do Fundão. Ainda as há. Não me lembro de comer tantas cerejas como este ano. Fazem bem à saúde e ajudam a combater o ácido úrico. E uma melancia só para mim, que marido não aprecia.
No mesmo local onde provámos as enguias há umas semanas atrás, almoçamos, que o Sr. Manuel gosta muito de enguias. Depois de duas horitas a conversar, a bebericar e a comer bife, bacalhau assado e enguias fritas :( num recinto agradavelmente fresco mas muito barulhento (os portugueses não conversam nos restaurantes, gritam), a tarde surpreendeu-nos e socou-nos um bafo de calor intenso. Não estava azul o céu, mas acinzentado e com névoa. De regresso a casa, ainda parámos junto a uma represa da qual não vi nome afixado. Saímos do carro e levámos de novo um soco de calor intenso, sufocante. Apesar da água, não estava mais fresco. Antes pelo contrário. Parada, opaca, terrosa, com um pescador a tentar a sorte na pesca de enguias, não nos transmitiu a frescura procurada, apesar dos salgueiros e dos eucaliptos centenários que nos convidavam com as suas sombras. Impossível estar ali. Voltámos para o carro, a caminho de casa. Com o *bendito* ar condicionado ligado e o habitáculo a 17 graus, rumamos a Lisboa. O carro marcava 36 graus, lá fora. Não deu para mais. Todos queriam era estar em suas casas. Depois de descarregar o carro e saber que a minha viajante já tinha chegado a bom porto, tivemos ainda tempo para uma tradicional sesta. Uma horita e retemperámos as forças. No dia seguinte, ia haver festa e eu tinha prometido levar um doce. A cozinha esperava por mim.

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