Hoje recebo flores, por ser Mulher. Amanhã um desrespeito pela mesma razão.

Não recebi prenda do meu homem. Recebi sim duas mensagens, via telélé, de duas amigas e uma outra via blog, de um amigo.
Desde que este dia é festejado em Portugal, eu nunca soube se devia agradecer o ensejo de um «feliz dia-internacional-da-mulher». É que eu penso que os «Dias Internacionais de» existem porque algo está mal. Comemoram-se para serem sentidos, discutidos, de maneira a que haja uma tendência para terminarem, saírem do calendário. Têm de alertar as consciências e o modo de agir tem de ser alteradou. Existe o Dia-Internacional-do-Homem? Não. Mas da Criança, sim, existe. Algo continua mal no mundo da Humanidade.
Não consigo viver este dia como um dia de festa e como tal, de consumismo. Quem ouviu ou leu o que significa haver um Dia para celebrar a Mulher? E quem estava interessado em ouvir? O ano passado, meste mesmo dia, uma notícia - Dia da Mulher: Governo vai apresentar pacto para promover a igualdade no mercado de trabalho». Mas ainda não há leis que a regulamentam?
Compreendo, apesar dos pesares, o facto de haverem Homens a oferecerem flores, bombons e outros mimos às suas Mulheres. Se há um dia-internacional-da-mulher marcado no calendário, há que comemorar. Não fará mal, se essas mesmas mulheres são respeitadas no dia-a-dia.

O Mundo é masculino? Ainda parece ser.
Pois é por isso que este dia é de luta, não só de prendinhas. Pela igualdade plena. Não por favores, pactos políticos, simpatias dos patrões.
Nós, as Mulheres, precisamos fazer-nos respeitar como seres humanos que somos. Não são as «liberdades» que hoje a maioria das «futuras-Mulheres» pensa possuir que farão delas seres iguais aos homens. Não é por aí o caminho. É o Direito de ser Pessoa.
Os «Kadafis» deste Planeta vão sendo retirados do Poder ou mesmo mortos. No entanto, os homens-povos que foram para as ruas para se libertarem dos opressores são os mesmos que aceitam leis radicais em que as mulheres estupradas, por exemplo, são mortas por terem perdido a honra.

Hoje recebem flores, bombons e outros mimos. E amanhã? As Mulheres de hoje serão tratadas de diferente maneira amanhã só por terem tido o seu Dia? Penso que não. Sem lembrança séria nem memória, muitas delas continuarão a ser durante toda a hora, todos os outros dias do ano, por esse mundo fora, amesquinhadas, ofendidas, usurpadas, maltratadas, violadas, vendidas, descriminadas, apedrejadas apenas e pelo simples facto de terem nascido Mulheres.
, nunca
Todos os dias, simbolicamente, deveríamos receber flores, bombons e mimos. Durante a vida toda porque sim, porque somos Pessoa, porque somos as Fêmeas Humanas. Porque Todos devíamos tratar com respeito os seus semelhantes. Devíamos tratar com respeito tudo o que nasce, cresce e morre. Animais e vegetais, incluídos.

Como me considero educada e sou uma Mulher, aceito e retribuo o ensejo para este Dia, enviado pelas duas amigas. Como Criatura Humana, aceito o ensejo do mundo que o festeja como uma promessa de continuação da luta para a mudança de mentalidade, no dia-a-dia, no sentido da Igualdade de Direitos e Deveres, de facto. Não apenas Leis que podem ou não ser cumpridas, não em pactos sociais.
Aceito o ensejo pelos exemplos que expresso nas minhas atitudes e pensamentos.
Aceito o ensejo pela necessidade enorme de nos sabermos respeitar, para «eles» nos respeitarem. Não somos iguais aos Homens. Somos semelhantes.
Por fim, aceito o ensejo na esperança que tenho - e que é a última a morrer - na mudança de paradigma que tem de acontecer, a pouco e pouco, nas sociedades e nos Povos. Por causa dos Kadafis, os Homens também se maltratam. Mas todos, homens, mulheres e crianças à sua volta, sofrem.

Finalmente, Mulher é a fêmea do Homem macho, ambos Humanos e portanto semelhantes. Ambos são um só, na perpetuação da sua espécie. Que vá sendo incutido por todos nós, por mim, pelos pensadores, políticos, educadores, parentes e os amigos aos mais novos, que o Mundo até pode ser do género «masculino», mas Natureza é do género «feminino».

Na minha língua, o Português, até Lua é feminina.

A Zona do Caído.

Zona do Caído. Achei, depois de muitas pesquisas.

Depois de passarmos uma depuradora/Marisqueira (!!!!!), estamos num local chamado de Caído. Uma  zona extrema da freguesia de V. Praia Ancora antes de entrarmos na Freguesia de Moledo, passaremos ao lado de uma estação do Paleolítico datada de 8000 AC.
Antigamente o Caído era conhecido por ser um sitio ermo que até servia de porto natural de descarga do contrabando e por ser um local onde o sargaço dava à costa, tendo os sargaceiros construído umas pequenas casinhas para guardar os aprestos.

A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas


Já não serei criança, dirão. No entanto, dentro de mim, não deixa de existir aquela que sempre fui.  Em nós, no sentido de pudermos mudar, sonhamos. Em deuses bons, como o que aparece no anúncio da Nespresso. Em fadas boas, também. Pensei no texto abaixo, ao olhar ontem este sítio paradisíaco. Sítio de fadas e de deuses. 
Penso que se completam um ao outro, o texto e a foto do cantinho de Portugal onde gostava de ter nascido e vivido até agora.
Mas quem sou eu para viver aqui... 


____|____

«A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas 
Age como um deus doente, mas como um deus. 
Porque embora afirme que existe o que não existe 
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo, 
Sabe que existir existe e não se explica, 
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir, 
Sabe que ser é estar em algum ponto 
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer.»

Para Suzete, a senhora minha Mãe




Mãe não tem limite,
é tempo sem hora
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva que desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
          Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade!
          Porque Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu rei do mundo,
baixava uma lei;
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto do seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.



"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".*



«Diz alguém que a despedida / Nada custa ao coração /Quem tal diz que se despeça / E verá se custa ou não.»**

Custa, está a custar. 
Um peixinho que nos fitava, que nos fitava e prestava atenção aos nossos movimentos, que reagia a eles ... não era um vulgar peixinho de aquário, foi mais. Foi um animal de companhia. 
Chegas-te a ir de férias para a Serra, connosco. Nunca tinham visto uma coisinha tão linda.
Man, foi «alguém» que hoje deixou um espaço vazio. 
Vou ter muitas saudades tuas.


_______________________________________


Antoine de Saint-Exupéry - «Le petit prince»
** Joaquina Tavares Varandas - «Versos feitos ao serão»

No Caçoila, Esporão, Góis.

Páscoa de 2012. Saída de Lisboa manhã cedo. Destino, Cerdeira. A1 e A23... portagens aos molhos, que se há-de fazer?! Quase a chegar, quase hora de almoço, optámos por me dar uma folga na cozinha e parámos no Esporão. Cheirava bem no Caçoila. Cumprimentos a João e à mulher, mais à senhora cozinheira muito simpática que conheço há anos e não sei o nome. Fala-se do tempo frio com pouca chuva, embora estivesse a pingar, e dia de sol parece que só no Domingo de Páscoa, vêm por quantos dias, enfim, as conversas usuais enquanto escolhemos mesa.


Havia uma ementa especial. Olhei, olhámos. Fomos a ela, embora eu não coma «nfantis», só carne velha. Não fez mal, levou-se a minha dose para casa. Então aí fica.


Queijo fresco de cabra com mel de urze


Truta do Rio Ceira, de escabeche. Uma estreia para mim, nunca tinha comido truta, então deste tamanho nem visto. O molho estava divinal.


Sopa de Castanha da Serra da Lousã, também uma estreia para nós


Cabrito assado no forno, colocado à minha frente só para o clic



«Então, e a sobremesa? A Tigelada ainda está morna.»
«João, já não há espaço para a Tigelada!»
«Mas... têm de provar!» E marchou, com alguma gula à mistura e uns golinhos de café para rematar.
E comemos tudo o que tínhamos direito. Saímos consolados, direitos a casa, que estava um friozinho de rachar e havia imensas coisa para arrumar e amêndoas para distribuir. 

Parabéns Maestro





Michel Legrand, nascido a 24 de Fevereiro de 1932, está de parabéns pelos 80 anos que hoje completa. Uma vida dedicada a fazer lindas composições que hão-de prevalecer para sempre.



JÁ VIVI NESSE PAÍS E NÃO GOSTEI *

«A pobreza generalizada e prolongada necessita de ditadura.» Eu vivi numa. Este texto trás-me à memória o meu País, há 50 anos atrás. Não desejo voltar.


O primeiro-ministro anunciou que íamos empobrecer, com aquele desígnio de falar “verdade”, que consiste na banalização do mal, para que nos resignemos mais suavemente. Ao lado, uma espécie de contabilista a nível nacional diz-nos, como é hábito nos contabilistas, que as contas são difíceis de perceber, mas que os números são crus. Os agiotas batem à porta e eles afinal até são amigos dos agiotas. Que não tivéssemos caído na asneira de empenhar os brincos, os anéis e as pulseiras para comprar a máquina de lavar alemã. E agora as jóias não valem nada. Mas o vendedor prometeu-nos que… Não interessa.
Vamos empobrecer. Já vivi num país assim. Um país onde os “remediados” só compravam fruta para as crianças e os pomares estavam rodeados de muros encimados por vidros de garrafa partidos, onde as crianças mais pobres se espetavam, se tentassem ir às árvores. Um país onde se ia ao talho comprar um bife que se pedia “mais tenrinho” para os mais pequenos, onde convinha que o peixe não cheirasse “a fénico”. Não, não era a “alimentação mediterrânica”, nos meios industriais e no interior isolado, era a sobrevivência.

Na terra onde nasci, os operários corticeiros, quando adoeciam ou deixavam de trabalhar vinham para a rua pedir esmola (como é que vão fazer agora os desempregados de “longa” duração, ou seja, ao fim de um ano e meio?). Nessa mesma terra deambulavam também pela rua os operários e operárias que o sempre branqueado Alfredo da Silva e seus descendentes punham na rua nos “balões” (“Olha, hoje houve um ‘ balão’ na Cuf, coitados!”). Nesse país, os pobres espreitavam pelos portões da quinta dos Patiño e de outros, para ver “como é que elas iam vestidas”.

Nesse país morriam muitos recém-nascidos e muitas mães durante o parto e após o parto. Mas havia a “obra das Mães” e fazia-se anualmente “o berço” nos liceus femininos onde se colocavam camisinhas, casaquinhos e demais enxoval, com laçarotes, tules e rendas e o mais premiado e os outros eram entregues a famílias pobres bem-comportadas (o que incluía, é óbvio, casamento pela Igreja).
Na terra onde nasci e vivi, o hospital estava entregue à Misericórdia. Nesse, como em todos os das Misericórdias, o provedor decidia em absoluto os desígnios do hospital. Era um senhor rural e arcaico, vestido de samarra, evidentemente não médico, que escolhia no catálogo os aparelhos de fisioterapia, contratava as religiosas e os médicos, atendia os pedidos dos administrativos (“Ó senhor provedor, preciso de comprar sapatos para o meu filho”). As pessoas iam à “Caixa”, que dependia do regime de trabalho (ainda hoje quase 40 anos depois muitos pensam que é assim), iam aos hospitais e pagavam de acordo com o escalão. E tudo dependia da Assistência. O nome diz tudo. Andavam desdentadas, os abcessos dentários transformavam-se em grandes massas destinadas a operação e a serem focos de septicemia, as listas de cirurgia eram arbitrárias. As enfermarias dos hospitais estavam cheias de doentes com cirroses provocadas por muito vinho e pouca proteína. E generalizadamente o vinho era barato e uma “boa zurrapa”.

E todos por todo o lado pediam “um jeitinho”, “um empenhozinho”, “um padrinho”, “depois dou-lhe qualquer coisinha”, “olhe que no Natal não me esqueço de si” e procuravam “conhecer lá alguém”.
Na província, alguns, poucos, tinham acesso às primeiras letras (e últimas) através de regentes escolares, que elas próprias só tinham a quarta classe. Também na província não havia livrarias (abençoadas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian), nem teatro, nem cinema.

Aos meninos e meninas dos poucos liceus (aquilo é que eram elites!) era recomendado não se darem com os das escolas técnicas. E a uma rapariga do liceu caía muito mal namorar alguém dessa outra casta. Para tratar uma mulher havia um léxico hierárquico: você, ó; tiazinha; senhora (Maria); dona; senhora dona e… supremo desígnio – Madame.
Os funcionários públicos eram tratados depreciativamente por “mangas-de-alpaca” porque usavam duas meias mangas com elásticos no punho e no cotovelo a proteger as mangas do casaco.
Eu vivi nesse país e não gostei. E com tudo isto, só falei de pobreza, não falei de ditadura. É que uma casa bem com a outra. A pobreza generalizada e prolongada necessita de ditadura. Seja em África, seja na América Latina dos anos 60 e 70 do século XX, seja na China, seja na Birmânia, seja em Portugal.Vamos empobrecer. Já vivi num país assim. Um país onde os “remediados” só compravam fruta para as crianças e os pomares estavam rodeados de muros encimados por vidros de garrafa partidos, onde as crianças mais pobres se espetavam, se tentassem ir às árvores. Um país onde se ia ao talho comprar um bife que se pedia “mais tenrinho” para os mais pequenos, onde convinha que o peixe não cheirasse “a fénico”. Não, não era a “alimentação mediterrânica”, nos meios industriais e no interior isolado, era a sobrevivência. 
Na terra onde nasci, os operários corticeiros, quando adoeciam ou deixavam de trabalhar vinham para a rua pedir esmola (como é que vão fazer agora os desempregados de “longa” duração, ou seja, ao fim de um ano e meio?). Nessa mesma terra deambulavam também pela rua os operários e operárias que o sempre branqueado Alfredo da Silva e seus descendentes punham na rua nos “balões” (“Olha, hoje houve um ‘ balão’ na Cuf, coitados!”). Nesse país, os pobres espreitavam pelos portões da quinta dos Patiño e de outros, para ver “como é que elas iam vestidas”. 
Nesse país morriam muitos recém-nascidos e muitas mães durante o parto e após o parto. Mas havia a “obra das Mães” e fazia-se anualmente “o berço” nos liceus femininos onde se colocavam camisinhas, casaquinhos e demais enxoval, com laçarotes, tules e rendas e o mais premiado e os outros eram entregues a famílias pobres bem-comportadas (o que incluía, é óbvio, casamento pela Igreja). Na terra onde nasci e vivi, o hospital estava entregue à Misericórdia. Nesse, como em todos os das Misericórdias, o provedor decidia em absoluto os desígnios do hospital. Era um senhor rural e arcaico, vestido de samarra, evidentemente não médico, que escolhia no catálogo os aparelhos de fisioterapia, contratava as religiosas e os médicos, atendia os pedidos dos administrativos (“Ó senhor provedor, preciso de comprar sapatos para o meu filho”). As pessoas iam à “Caixa”, que dependia do regime de trabalho (ainda hoje quase 40 anos depois muitos pensam que é assim), iam aos hospitais e pagavam de acordo com o escalão. E tudo dependia da Assistência. O nome diz tudo. Andavam desdentadas, os abcessos dentários transformavam-se em grandes massas destinadas a operação e a serem focos de septicemia, as listas de cirurgia eram arbitrárias. As enfermarias dos hospitais estavam cheias de doentes com cirroses provocadas por muito vinho e pouca proteína. E generalizadamente o vinho era barato e uma “boa zurrapa”. 
E todos por todo o lado pediam “um jeitinho”, “um empenhozinho”, “um padrinho”, “depois dou-lhe qualquer coisinha”, “olhe que no Natal não me esqueço de si” e procuravam “conhecer lá alguém”. Na província, alguns, poucos, tinham acesso às primeiras letras (e últimas) através de regentes escolares, que elas próprias só tinham a quarta classe. Também na província não havia livrarias (abençoadas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian), nem teatro, nem cinema. 
Aos meninos e meninas dos poucos liceus (aquilo é que eram elites!) era recomendado não se darem com os das escolas técnicas. E a uma rapariga do liceu caía muito mal namorar alguém dessa outra casta. Para tratar uma mulher havia um léxico hierárquico: você, ó; tiazinha; senhora (Maria); dona; senhora dona e… supremo desígnio – Madame. Os funcionários públicos eram tratados depreciativamente por “mangas-de-alpaca” porque usavam duas meias mangas com elásticos no punho e no cotovelo a proteger as mangas do casaco. Eu vivi nesse país e não gostei. E com tudo isto, só falei de pobreza, não falei de ditadura. É que uma casa bem com a outra. A pobreza generalizada e prolongada necessita de ditadura. Seja em África, seja na América Latina dos anos 60 e 70 do século XX, seja na China, seja na Birmânia, seja em Portugal.

* Um texto de Dra. Isabel do Carmo, publicado no Público de 28.11.2011 

Ao colo da Vódrinha



Este é o Rodrigo, filho da afilhada-Sofia. Não fui profícua, portanto não serei avó. Mas Vódrinha... parece que pegou. 
Visitou-me com os Pais, a mostrar-se o vaidoso, que a irmã estava na escola. Um fofo com mais de seis quilos que me pôs em palpos de aranha para poder ter ao colo. Só com dois meses, parece ser de chumbo, o rapaz. Ingere bem, faz a digestão e muda-se a fralda. Adormece a ser bem abanado, acorda, e tudo recomeça. 
De três em três horas lá vem o chorinho. Máquinas de crescer, é o que são. Mas não só. Já  oferece um sorriso, um esgar, um qualquer sinal a querer comunicar connosco, um girar de cabeça a olhar os objetos. E tão novinho!
Pois esta Vódrinha tem muito orgulho neste menino. 
Espero poder cá estar para ir ao casamento dele, nem que seja de bengala.
Saúde e Sorte bebé Rodrigo. Tal como o outro, tens nome de doce e és um doce.


«First Time Ever I Saw Your Face», um poema de amor



The first time ever I saw your face
I thought the sun rose in your eyes
And the moon and the stars were the gifts you gave
To the dark and the empty skies.


And the first time ever I kissed your mouth
I felt the earth move in my hands
Like the trembling heart of a captive bird
That must stay at my command, my love.


And the first time ever I lay with you
I felt your heart so close to mine
And I knew our joy would fill the Earth
And last and last and last till the end of time, my love.


The first time ever I saw your face, your face,
your face, your face.



 Poema de Ewan MacColl (25 January 1915 – 22 October 1989).








Assim eu vejo a vida, escreveu Cora Coralina






«A vida tem duas faces: / Positiva e negativa / O passado foi duro / mas deixou o seu legado / Saber viver é a grande sabedoria / Que eu possa dignificar / Minha condição de mulher, / Aceitar suas limitações / E me fazer pedra de segurança / dos valores que vão desmoronando. // Nasci em tempos rudes / Aceitei contradições / lutas e pedras / como lições de vida / e delas me sirvo / Aprendi a viver.»

Esta é a apresentação e o saber estar duma figura feminina, a representar um cargo público, num governo de direita no meu País. De sua graça Maria Gabriela Ventura, é a Gestora do PRODER. Será que esta «apresentação» é de propósito para distrair os Agricultores dos reais problemas existentes em Portugal?

O PRODER é:

Inovação e Desenvolvimento Empresarial

Os principais objectivos desta medida são:
  • Incentivar o desenvolvimento de sinergias e dimensão nos investimentos e o potencial induzido pela inovação e orientação para o mercado;
  • Promover o desenvolvimento da competitividade das fileiras;
  • Contribuir para a valorização das empresas
  • de produção agrícola
  • de transformação e comercialização de produtos agrícolas;
  • Promover a renovação do tecido empresarial agrícola;
  • Contribuir para a melhoria das condições de vida e de trabalho.
Para alcançar estes objectivos estabeleceram-se um conjunto de mecanismos por forma a disponibilizar incentivos diferenciados e ajustados aos vários tipos de agricultores, agentes, empresas e indústrias, bem como à sua inserção em fileiras estratégicas ou não estratégicas, não se aplicando ao sector das florestas que tem uma medida própria. A medida Inovação e Desenvolvimento Empresarial é operacionalizada através das seguintes acções:

Fotos retiradas da NET.

Presidente ou presidenta?

Recebi de Mimosa, uma amiga conhecida e «faceboquiana». Porque se entende ensinado desta forma, coloco aqui. E assim, o mais comum dos que têm por hábito teclar, deixam de dar erro, pelo menos com estes exemplos.

«.../Existe a palavra: PRESIDENTA? Que tal colocarmos um "BASTA" no assunto? 
No português existem os particípios activos como derivativos verbais. 
Por exemplo: o particípio activo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante. 
Qual é o particípio activo do verbo ser? O particípio activo do verbo ser é ente. 
Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade. 
Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte. 
Portanto, a pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha. 
Se diz capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta". 
Uma aula de português muito pertinente embora alguns dicionários escrevam o contrário... 

Um bom exemplo do erro grosseiro seria: "A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizantas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta". 

Por favor, pelo amor à língua portuguesa, repasse essa informação.

Aí fica.

Da minha janela


Quase frio. Quase chuva. Quase.


/...«Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí…
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi…»...*


* De QUASE – poema de mário de sá carneiro

Figus

Posted by Picasa

Desejo-te Vida.

Em Arganil

Casinha de pedra / xisto, em miniatura. Adquirida a um senhor artesão. Em Setembro deste ano, a ver se lá vamos de novo.
Posted by Picasa

Da Serra para Lisboa





Da Nacional 2 para Álvares. Cada vez mais longínquos, os Penedos de Góis me aguardarão. Eles permanecerão, eu não. Vou a caminho de Lisboa.

.../ Adeus ó serra,
adeus linda terra
com o sol a brilhar,
adeus Penedos,
que levo na idéia
tornar a voltar.

Em Setembro de 2011
Posted by Picasa

Eu e os pardais






Posted by Picasa

De Coja a Avô. Serra do Açôr.



Clicada na estrada entre Coja e Avô. A montanha em fundo é a Estrela. O lugar, em baixo, desconheço o nome. Mas a Serra é a do Açôr.



Rio Alva


Vila Cova de Alva



Estivemos perto, amigo Rouxinol de Pomares, mas não deu para lá ir.

Nascidas no campo, oferecem-se a quem passa







Posted by Picasa

E trouxe-mo-las para casa.

Um bilhete postal da Cerdeira de Góis



Gentilmente cedida por meu Irmão, esta foto foi clicada por ele no dia da subida dos «Cerdeirenses» ao Penedo de Góis, no Verão de 2011.
Posted by Picasa

Poiartes: Feira Nacional de Artesanato e Mostra de Gastronomia, no 2º fim-de-semana de Setembro


Ainda não tinha aberto, oficialmente, mas mesmo assim, trouxemos miminhos.


Na tenda gigante, as bancas estavam a compor-se. Mel da Ponte Sótão, colheres de Pau


Pormenor do outro lado.


Aguardente e fruta desidratada, da Donanna.



Regueifa de côco da Sandra Duarte.

Afinal como é que vou para aí?

Posted by Picasa

Saí por instantes do laptop e ganhei com a troca

O sono tarda em vir. Zapping, é uma maneira descansada de clicar e passar pelos canais televisivos à procura de qualquer coisa de interessante. Calhou parar no canal RTP Memória com o Prof. José Hemano Saraiva, que aprecio particularmente, a gesticular e a falar de nós, dos portugueses não saberem a sua História, a história do seu País comparando-nos com outros povos da Europa, muito mais evoluídos. Estava a referir que nos séculos XVI e XVII, enquanto que em França, em Espanha, na Inglaterra, os respetivos réis mandavam fazer coisas extraordinárias, viveram Descartes e Spinoza, filósofos políticos como Hobbes e Locke, foi o tempo do Renascimento cultural, a era o Iluminismo, aqui em Portugal nem filósofos, nem escritores, nadica de nada. 
Apenas um homem no século XVII mereceu o seu destaque e indicou a única figura que considerou espantosa. O Padre António Vieira. Ele acertou, pelo menos quanto a mim. Sou uma ignorante em História de Portugal. Tenho aprendido muito mais história ultimamente do que quando andei a estudar no meu tempo certo. Não havia nos livros «estórias» na nossa História. Era preciso gostar de saber História e não eram as datas, as dinastias, os nomes dos réis que me motivaram a querer aprender. E depois eram todos muito feios e algo cruéis e gordos. Nunca chumbei na disciplina, bastou-me fixar a matéria, porque o meu mundo sempre foi mais «números». 
Estive atenta ao programa todo. Interessante a analogia feita três séculos e meio mais tarde. Fui procurar agora mesmo, na Net, o Sermão do Bom Ladrão, de 1655, de Padre António Vieira. Tive sorte, encontrei.
Fica aí. 
...
«Os teus príncipes são companheiros dos ladrões. - E por quê? São companheiros dos ladrões, porque os dissimulam; são companheiros dos ladrões, porque os consentem; são companheiros dos ladrões, porque lhes dão os postos e os poderes; são companheiros dos ladrões porque talvez os defendem, e são, finalmente, seus companheiros, porque os acompanham e hão de acompanhar ao inferno, onde os mesmos ladrões os levam consigo.»
...
Uma espantosa figura que o Prof. José Hermano Saraiva apresentou, que combateu com palavras pela liberdade em geral, pela liberdade dos judeus contra o santo ofício e pela liberdade dos índios brasileiros. Muito à frente do seu tempo. Fiquei de tal modo interessada neste vulto que vou procurar e adquirir «Citações e Pensamentos de Padre António Vieira»

Não pode ser só Facebook


Trouxe do blog Aventar.
Esta “piolheira” de nome Portugal

Eça dizia que Portugal era “um sítio”, ligeiramente diferente da Lapónia que nem sítio era. O rei D. Carlos achava Portugal “uma piolheira”, “um país de bananas governado por sacanas”. Alexandre O’Neill referia-se-lhe como “três sílabas de plástico, que era mais barato”, “um país engravatado todo o ano / e a assoar-se na gravata por engano.” Um sítio, uma piolheira, três sílabas de plástico – a síntese perfeita do esplendor da pátria. “No sumapau seboso da terceira / contigo viajei, ó país por lavar / aturei-te o arroto, o pivete, a coceira / a conversa pancrácia e o jeito alvar” (O’Neill). Arroto, pivete, coceira, conversa pancrácia, jeito alvar. Assim continua a ser Portugal. Um país de juízes confessadamente incompetente. Exemplos? O processo dos CTT que envolve o ex-presidente Carlos Horta e Costa – um juiz de Lisboa declarou-se incompetente para o julgar e remeteu-o para Coimbra onde uma juíza se declarou igualmente incompetente! O processo TagusPark, nascido de uma certidão extraída do Face Oculta – um juiz da 8ª Vara Criminal de Lisboa declarou-se incompetente e vai mandar o processo para Aveiro onde, é suposto, se revele publicamente a auto-incompetência de qualquer outro “meritíssimo”, passe a ironia que o adjectivo explicita. Ainda em Lisboa, dois juízes de diferentes varas declararam-se incompetentes para apreciar o processo contra três administradores da empresa gestora dos bairros sociais, a Gebalis! O julgamento do processo-crime do BCP foi adiado sine die, provavelmente à espera de um juiz que, finalmente, se possa considerar competente. Que fazem nos tribunais juízes que confessam a sua própria incompetência? Afinal de contas, uma parte dos nossos “meritíssimos” apenas se revela em toda a sua competência nos julgamentos de “pilha-galinhas” ou quando apanha um desgraçado que, famélico, tropece num pacote de bolachas que lhe cai inadvertidamente no bolso num supermercado qualquer! Pena pesada no lombo do “criminoso”, exemplo que fica como uma espécie de compensação para a incompetência declarada em julgamentos de processos de crime económico! E não há remédio senão suportar este “pivete”, este “arroto” permanente de uma justiça ao nível desta “piolheira” lusíada. Desta “piolheira” lusíada governada por “sacanas” a praticar uma política demencial. O Gasparinho das finanças, por exemplo, que afirma numa entrevista ao Expresso: “Não sou nem nunca fui um banqueiro central. Caracterizar-me-ia como um bancário central”!! Esta espécie de “mr. Bean” do governo parece-me um alter-ego de Armando Vara, com um percurso político a evoluir de uma forma similar à do génio socialista que, como é sabido, começou como bancário, ao balcão de uma agência da CGD, e acabou a banqueiro, no Conselho de Administração. O Gasparinho ainda vai na fase do bancário. Não tardará muito (basta-lhe sair do governo, como é costume) a chegar a banqueiro. E pode até acabar mesmo a trocar robalos por alheiras! E o Álvaro da Economia? Que “passou a vida” entre cangurus no Canadá e que deve ter sido convencido, provavelmente pela economia de um deles, que, aumentando as horas de trabalho para os trabalhadores no activo, conseguiria reduzir o desemprego! Permitam-me que exprima aqui sérias reservas a propósito da sanidade mental do… canguru inspirador. E Passos Coelho? O que terá levado um ex-jotinha sem currículo, sem cultura, sem uma só ideia para o país, sem uma única solução para nos tirar da crise, a desejar ser primeiro-ministro? A resposta só pode ser uma – os seus “quinze minutinhos” de fama. Ao nível de um qualquer candidato a “estripador de Lisboa” ou a entrar na “Casa dos Segredos”, muito provavelmente a única “vacaria” do país onde se “ordenham bois”. Que me desculpem a grosseria imagística que me ocorreu tão só porque li que uma das concorrentes masturbara um daqueles grunhos enquanto os outros foçavam, grunhindo sobre os pratos! É este o “país por lavar” a exalar um “pivete” que tresanda e que pode levar a um desejo incontido de fugir desta atmosfera fétida, deste “sítio” miserável, sem esperança e sem futuro. Mas jamais as palavras criminosas de Passos Coelho incitando a uma emigração forçada, que apenas comprovam o seu raquitismo mental. Enfim um “país” indigente, dirigido por uma “colecção grotesca de bestas”, para utilizar uma feliz síntese queirosiana. “E, de repente, ninguém resmungou com a sua ração. As quezílias e a inveja, que eram coisas normais do passado, quase que desapareceram”, escreveu George Orwell no “Triunfo dos Porcos”, ironizando sobre a passividade humana. Esta “glorificação da inércia” que nos anestesia a todos e que leva os portugueses a aceitarem passiva e reverentemente a “ração” que lhes dão por esmola, esquecendo aquelas que criminosamente lhes tiram. E que escrevem mensagens de Natal como esta: “Nestes tempos difíceis que atravessamos, como se fossem rios medonhos e perigosos de tão revoltos, a solidariedade deve ser vista como a mãe de todos os portugueses.” Que merda de gente! Que filho da puta de país!
Luís Manuel Cunha in Jornal de Barcelos  de 28 de Dezembro de 2011.