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Acabada a «reportagem» resumida da subida aos Penedos de Góis (neste momento não disponho de mais material para colocar aqui), volto ao que foi o meu fim de semana prolongado, que soube muito bem e retemperou forças para mais uma quinzena de trabalho. São só mais uns dias, vá lá! Estamos a meio do «meu querido mês de Agosto». Quando Lisboa se encher de novo, os emigrantes voltarem ao País do trabalho, lá vamos nós, gozar as restantes férias do ano para a Serra, de onde não me apetecia nada ter saído ontem. Mas a vida apresenta-se assim. Há que encará-la, não?
Como diz a frase: «Há homens que têm patroa. Há homens que têm mulher. E há mulheres que escolhem o que querem ser» ... eu quero ser e sou a mulher que acompanha o seu homem, que convive com o seu homem e que não depende dele, monetariamente. Daí estar de novo em Lisboa. A escrever, a fazer de dona de casa, enfim, por aqui.
Apesar deste meu feitio se adaptar às circunstâncias, sinto que da minha vida irei sair a perder ... entre o que sou e o que queria ser, vai um passo de gigante. Para me explicar melhor dar um exemplo, eu queria muito ter ficado lá em cima, no meu cantinho na Serra, a cuidar das «minhas» courgettes e dos vasos dos tomates e do pimentinho pequenino e do cantinho das aromáticas, que lá estão, sós, à espera duma pinga de água, que eu sei, vão tendo. Mas não sou eu que dou. E queria. E quando a noite chegasse, arranjaria um local à sombra de qualquer luz, ficaria quieta, namorando o som silencioso da Estrada de Santiago, ouvindo apenas cigarras ou ralos, quiçá um mocho ou uma coruja, que vivem nos pinhais e eucaliptos da band'álem. Olhando para cima, àqueles pontinhos minúsculos a vidas de distância, jogaria palavras para o ar, daquelas que eu tanto gosto: «serena, chama, subtil, perfume, alvo, murmurinho, alma, aia, âmbar, cisne»*. Lembraria momentos, pessoas, vozes que por ali já passaram. Até chegar o primeiro sinal de cansaço, um bocejo, ou porque não, a visita de João Pestana. Sem Internet, sem um risquinho sequer na rede do meu telélé.
Lá, onde a calma reina, eu senti-me-ia bem. Mas não fiquei lá. Segui-o. E vou estando por aqui, fazendo daqui o melhor que puder e souber.
* José Eduardo Agualusa - Milagrário pessoal; pag 58
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